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Inovação Médica – HC da Unicamp Revoluciona o Tratamento do Câncer com Radiofármacos Exclusivos (10 notícias)

Publicado em 07 de junho de 2024

O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está prestes a desvendar um novo capítulo na luta contra o câncer. Dentro de apenas dois meses, a instituição pioneira oferecerá uma gama de radiofármacos avançados, ainda indisponíveis no Brasil, para aplicações médicas no combate a esta temida doença.

Teranósticos: A Convergência de Diagnóstico e Terapia

Esses agentes farmacêuticos de vanguarda, conhecidos como teranósticos, representam uma convergência revolucionária entre aplicações diagnósticas e terapêuticas. Eles combinam a capacidade de detectar e tratar doenças em um único composto, oferecendo uma abordagem integrada e eficiente.

A síntese desses radiofármacos ocorrerá na recém-inaugurada Radiofarmácia do Serviço de Medicina Nuclear do HC, um ambiente altamente especializado e rigorosamente controlado.

Ampliando o Horizonte do Tratamento do Câncer

Entre os radiofármacos que serão produzidos, destaca-se o PSMA-gálio68, um composto promissor para o diagnóstico e manejo do câncer de próstata e outros tumores. Além disso, o PSMA-lutécio será utilizado especificamente para a terapia do câncer, oferecendo novas esperanças aos pacientes.

Outra molécula inovadora é o DOTA-gálio68, projetada para detectar neoplasias neuroendócrinas, enquanto o DOTA-lutécio será empregado no tratamento do câncer neuroendócrino.

Não parando por aí, o HC também produzirá o FES, um radiofármaco dedicado ao diagnóstico do câncer de mama com receptor de estrogênio, e o TAU, uma ferramenta essencial para a pesquisa avançada de demências.

Finalmente, o Fluoreto será sintetizado para o diagnóstico preciso de metástases ósseas, uma condição frequentemente associada a estágios avançados de câncer.

Acesso a Tratamentos de Ponta

Segundo Barbara Juarez Amorim, coordenadora do Serviço de Medicina Nuclear do HC, um dos principais desafios da medicina nuclear no Brasil é o acesso limitado a novos traçadores amplamente utilizados em outros países. ‘Com esse projeto inovador, os pacientes terão acesso a radiofármacos de última geração, não apenas para diagnóstico, mas também para terapias avançadas’, explicou.

Parcerias Estratégicas e Pesquisas Colaborativas

O médico hematologista da Unicamp, Carmino de Souza, que também é diretor executivo do Cepid CancerThera, destacou a importância das parcerias e pesquisas colaborativas que estão intimamente ligadas à produção desses novos radiofármacos.

‘O HC precisa ser um hospital de ponta e referência no ensino, assistência e pesquisa. Por isso, buscamos uma medicina nuclear moderna, bem equipada e instalada, que sirva como modelo de excelência nessa área’, enfatizou Carmino.

Instalações de Vanguarda para a Radiofarmácia

A Radiofarmácia do HC ocupa uma área de 20 metros quadrados dentro do setor de medicina nuclear, localizada no segundo andar do hospital. A reforma física do espaço contou com o apoio financeiro do Cepid CancerThera e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que investiram R$ 150 mil no projeto.

Os equipamentos de ponta foram adquiridos com recursos provenientes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um braço especializado da Organização das Nações Unidas (ONU).

Infraestrutura de Última Geração

O ambiente da Radiofarmácia é equipado com duas cabines de segurança biológica, três pass throughs para transferência segura de materiais entre ambientes, um glove box para manipulação de iodo radioativo e um módulo de síntese para a produção dos radiofármacos.

A sala é completamente blindada e conta com caixas para rejeito de materiais radioativos e equipamentos para controle de qualidade de endotoxinas, garantindo a máxima segurança e precisão nos processos.

Centro Nacional de Ensino e Treinamento em Radiofarmácia

A inauguração da Radiofarmácia faz parte da implantação do Centro Nacional de Ensino e Treinamento em Radiofarmácia em Medicina Nuclear (NNM-RTC, na sigla em inglês), uma parceria entre a Unicamp e a AIEA. O investimento total deste projeto é de aproximadamente R$ 2,7 milhões, com duração prevista de quatro anos.

Liderança Científica e Capacitação Profissional

O NNM-RTC tem como pesquisadora principal Elba Etchebehere, professora livre-docente e médica nuclear, e como pesquisador assistente, Allan de Oliveira Santos, também médico nuclear. Ambos integram o Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp.

Etchebehere ressalta que o objetivo principal do NNM-RTC é melhorar o manejo das doenças na população brasileira por meio da promoção do uso rotineiro e em larga escala de radiofármacos para diagnóstico e terapias.

Formação de Novos Talentos e Pesquisas Inovadoras

Além disso, o projeto inclui atividades de capacitação de profissionais da área, bem como a criação de uma residência em radiofarmácia em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Também está previsto o desenvolvimento de novas linhas de pesquisa em colaboração com o Cepid Cancerthera.

Perspectivas Futuras e Impacto Transformador

Com essa iniciativa pioneira, o HC da Unicamp se posiciona na vanguarda do tratamento do câncer no Brasil. Ao oferecer acesso a radiofármacos exclusivos e tecnologias de ponta, a instituição abre novos caminhos para o diagnóstico precoce, terapias personalizadas e pesquisas inovadoras nessa área crucial da saúde.

Essa abordagem integrada e multidisciplinar representa um passo significativo rumo a um futuro mais promissor no combate ao câncer, trazendo esperança e novas oportunidades para pacientes em todo o país.