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Inovação e planejamento rumo ao futuro (6 notícias)

Publicado em 07 de dezembro de 2022

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Por Carlos Américo Pacheco

Carlos Américo Pacheco | Professor de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp) e diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A questão tecnológica é indissociável da indústria. No Brasil e no mundo, ambas nasceram no século 19, mas ainda como coisas pontuais, relativamente isoladas. Aqui, as iniciativas do Barão de Mauá ou de Delmiro Gouveia são bons exemplos, tal como as instituições de ciência e tecnologia criadas naquela época, como o Museu Nacional, o Museu Goeldi e a Escola de Minas, em Ouro Preto. No século 20, sobretudo após a 2ª Guerra Mundial, o aprimoramento tecnológico atingiu enorme velocidade, propiciando o desenvolvimento de novas tecnologias, que viabilizaram o laser, a penicilina e a bomba atômica, entre outros.

O impacto do que acontecia no mundo sobre o Brasil foi tão extraordinário que a primeira instituição que criamos no pós-guerra foi o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, voltado à questão nuclear. Depois, criamos o CNPq e a Capes, além do BNDES, cujo papel, até hoje, é fundamental para o desenvolvimento industrial do País.

O segundo PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), lançado em meados da década de 1970, talvez seja a maior demonstração da articulação entre a agenda tecnológica e a agenda industrial. Ali nasceu o Proálcool, a partir do desenvolvimento de tecnologias nacionais próprias, que ajudaram a atender a demanda por energia e a equilibrar a balança de pagamento. Entretanto, a partir da década de 1980, o setor industrial reduziu, por vários fatores, o seu peso na economia.

Temos pela frente o desafio de nos mantermos competitivos nas indústrias da 2ª Revolução Industrial, como a têxtil, a petrolífera, a automobilística e a química; manter alguma competência na indústria que emergiu após a 2ª Guerra, como a eletrônica; e, em especial, nos posicionarmos na indústria do futuro, que se caracteriza por tecnologias que vão impactar todos os setores econômicos, como inteligência artificial, Data Science e Internet das Coisas. Precisamos agir logo, de forma consistente e planejada, para enfrentar os novos desafios, alguns verdadeiros tsunamis sociais, econômicos e culturais.