Em seminário realizado hoje (27/2), em São Paulo, governo, empresas e academia se reuniram para discutir o futuro do Ceagesp, que se transformará em 2020 no Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (Citi). Será um local de mais de 750 mil metros quadrados, que deverá reunir mais de 600 startups e empresas, gerar 20 mil empregos e movimentar R$ 7 bilhões em atividade econômica até 2030, segundo estimativas do Boston Consulting Group (BCG).
Georges Almeida, principal do BCG, apresentou cases de sucesso de cidades que apostaram suas fichas em distritos de inovação e colheram bons frutos. Segundo ele, em todo o mundo já há mais de 50 casos do tipo e os exemplos mostram que estamos entrando em uma nova era. “Em comum, eles apresentam seis elementos-chave para o sucesso: propósito e foco, talentos, ecossistema, infraestrutura, governo e apoio governamental e qualidade de vida”, listou.
Sobre os casos emblemáticos, o executivo destacou o [email protected], projeto de transformação urbanística da cidade de Barcelona, que está revolucionando 200 hectares de área industrial no bairro de Poblenou, oferecendo um ambiente favorável para inovar e ter uma vida mais saudável. “A área tinha fábricas desativadas e agora é referência em inovação, com 47% de startups na localidade”, comentou Almeida.
Outro caso é o de Toronto, no Canadá. O distrito de inovação da cidade nasceu com grande foco em saúde e logo passou a abrigar empresas de outros segmentos, como fintechs. Em quatro anos, o local passou a contar com 56% de startups em sua ocupação e receita de quase US$ 2 bilhões. “A proposta é impulsionar as startups em todas as suas fases de vida, não só no início”, comentou ele.
Nova Iorque é o exemplo mais recente. A ideia do distrito de inovação por lá nasceu em 2010 com o lançamento da competição Applied Sciences, que teve, um ano depois, consórcio vencedor da Cornell Universty e do Tecnion Israel. Todo o processo de criação do local terminará em 2043, com um total de 200 mil metros quadrados de área construída. Em 2017, a cidade presenciou o lançamento da primeira fase, com o plano agressivo de implementação e capacidade de execução e financiamento.
O que pode dar errado?
Almeida alertou para alguns desafios na jornada de estabelecimento de um distrito de inovação em São Paulo. Segundo ele, seis erros podem ser fatais na jornada: falta de clareza das prioridades dos clusters, falta de interação entre universidades e empresas, valorização imobiliária marginalizando startups, soluções inadequadas de mobilidade urbana, falta de políticas para atração de talentos e localização isolada. “Podemos chegar lá, mas precisamos formatar o plano para fazer acontecer”, disse.
Carlos Pacheco, diretor-presidente da FAPESP, compartilha da preocupação, mas indica que foram criados dois grupos para trabalhar no projeto. Um com foco na definição do novo espaço do Ceagesp, por onde circulam, hoje, de 15 mil a 20 mil pessoas por dia e entre 10 mil e 15 mil caminhões. E o outro que vai viabilizar o Citi.
Sonhar alto
“O futuro depende da articulação de vários atores. Além de engajamento do setor privado e das universidades. O que levaria startups, aceleradores e bancos a investir nesse empreendimento? A discussão atual é como criar um conjunto de convergência sobre requisitos de sucesso do projeto”, comentou Pacheco, citando até ser modesta a previsão de 600 startups no local. “Podemos sonhar mais alto.”
Flávio Pripas, diretor do Cubo, aceleradora de startups do Banco Itaú, acrescentou que se o espaço for usado de forma inteligente, é possível mudar o status quo da cidade e do País. O Cubo tem feito um grande trabalho nesse sentido, mas em pequena escala. Em dois anos e meio de projeto, as mais de 50 empresas incubadas no local faturaram mais de R$ 250 bilhões, gerando cerca de 1,5 mil empregos. A aceleradora pretende ampliar ainda mais esses números com a mudança para uma sede maior. “A demanda é muito maior do que imaginamos e o custo de não fazer é infinitamente maior do que não fazer.”
Moderador da discussão, Adelson Sousa, presidente da IT Mídia, que está ativamente envolvida com as definições do Citi apontou que essa é, de fato, uma oportunidade única para o País, que precisa efetivamente ser aproveitada. “Em 25 anos de mercado essa é a maior oportunidade que presencio”, finalizou ele.
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