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O Imparcial (Presidente Prudente, SP)

Informações saem de museus e vão para a internet (1 notícias)

Publicado em 07 de outubro de 2004

Por EVANILDO DA SILVEIRA - AGÊNCIA ESTADO
A luta pela conservação da biodiversidade brasileira ganhou um novo aliado hoje. Trata-se da speciesLink, uma rede virtual que colocará na internet dados sobre milhares de espécimes de animais, vegetais e microorganismos, conservados e catalogados em coleções científicas de museus e institutos de pesquisa do Brasil. Isso tornará mais fácil fazer o acompanhamento de espécies ameaçadas de extinção e traçar políticas públicas de preservação ambiental. A speciesLink, lançada ontem na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que investiu R$ 2,5 milhões no projeto, leva dos vidros de formol para a tela do computador as informações sobre a biodiversidade disponíveis em museus, herbários e coleções microbiológicas. Essas coleções são formadas por espécimes coletados na natureza e conservados em formol ou outro meio. Cada um deles deve ter uma etiqueta com informações básicas, como nome científico, procedência, quem coletou, onde e quando. Esses dados são essenciais para os pesquisadores que vão estudar a espécies a que pertence aquele animal, planta ou microorganismo coletado. O número dessas etiquetas ou registros é muito grande. "Há cerca de 3 bilhões delas, espalhadas por coleções científicas de todo o mundo", disse Vanderlei Perez Canhos, diretor-presidente do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), instituição responsável pela nova rede. "No Brasil são 35 milhões, 10 milhões das quais em São Paulo." Modelagens No caso da speciesLink, já estão disponíveis na internet 350 mil desses registros de 36 coleções científicas de São Paulo e uma do Rio. "Entre elas estão coleções importantes, como a de peixes da Universidade de São Paulo (USP), que é a maior de espécies neotropicais do mundo, a de serpentes do Instituto Butantã ou uma verdadeira raridade, a coleção de abelhas montada em Ribeirão Preto pelo professor João Maria Franco de Camargo, da USP", revelou Canhos. "A meta até 2006 é atingir 750 mil etiquetas." Segundo ele, com essas informações à disposição, os cientistas poderão cruzá-las com dados climáticos ou ambientais de uma determinada região. "Isso permitirá fazer várias modelagens científicas", explicou. "Será possível, por exemplo, saber com mais detalhes informações sobre uma espécie ameaçada de extinção ou acompanhar o comportamento de doenças endêmicas, como a leishmaniose."