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Jornal da Cidade (Bauru, SP) online

Indústria projeta um robô para cada residência

Publicado em 06 agosto 2006

Num futuro próximo, cada residência deverá ter um robô, principalmente para realizar tarefas que nem sempre o homem tem vontade de fazer. Tendo em vista essa meta, a indústria mundial de eletrodomésticos vendeu em 2005 mais de 1 milhão de robôs aspiradores de pó.
O marco, considerado importante pelo setor, aponta para a massificação da utilização de robôs que têm como uma das funções a interação com os seres humanos, avaliam especialistas. E o quadro deve antecipadamente ser verificado nos continentes asiático e europeu.
No Brasil, o cenário es- barra na falta de investimentos públicos e privados nas pesquisas para o desenvolvimento de robôs. Exceção a isso é o projeto de desenvolvimento de mãos artificiais realizado por Glauco Augusto Caurin, professor da Escola de Engenharia Mecânica de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).
Em julho, durante a 58 Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Caurin apresentou os resultados de seu projeto, intitulado "Habilidades sensório-motoras aplicadas ao desenvolvimento de mãos artificiais robotizadas" e que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Para ele, considerando que os robôs devem ser utilizados para aumentar a capacidade humana, nada foi mais desafiador do que desenvolver um sistema que possa ser acoplado ao indivíduo. "A robótica industrial é importante, mas são os robôs que devem cooperar e se adaptar ao ser humano. Não é o ser humano que deve se adaptar à máquina", afirma Caurin, para quem as indústrias totalmente automatizadas são um modelo ultrapassado, por não se mostrarem economicamente viáveis.
Com base nessa premissa, Caurin criou com tecnologia nacional o protótipo de uma mão artificial. "O aparelho tem mobilidade independente em cada um dos dedos e foi desenvolvido a partir de um plástico poliuretano à base de óleo de mamona biocompatível, de modo a minimizar os níveis de rejeição do organismo humano", explica Caurin. O pesquisador lembra que uma prótese equivalente em outros países custa cerca de R$ 72 mil.
Trabalhos como o de Caurin poderiam ser menos incomuns no Brasil se houvessem mais incentivos, tanto na esfera pública quanto na privada, para o desenvolvimento de novos robôs. "Enquanto na Coréia do Sul o governo determina que 1% do PIB do país seja aplicado em pesquisas sobre robótica, o Brasil ainda não conta com nenhuma política para o desenvolvimento do setor. o brasileiro ainda acredita que o robô pode tirar empregos da indústria nacional", lamenta Sadek Absi Alfaro, professor do departamento de engenharia mecânica da Universidade de Brasília (UnB), também presente na reunião da SBPC.
De acordo com Alfaro, existem cerca de 7.000 robôs em operação na indústria brasileira, o que representamenos de 1% da produção mundial de robôs. "Na indústria automobilística japonesa, por exemplo, existe um robô para cada dez trabalhadores. No Brasil, apesar de não termos um número exato, estima-se um robô para cada 1.000 trabalhadores", comenta o pesquisador.