Nesta segunda-feira (17/3), embarcaram para a Argentina os 18 últimos tanques-detectores
Uma equipe de pesquisadores de 17 países, com participação brasileira, está concluindo a construção do maior observatório de raios cósmicos do mundo, o Pierre Auger, na Argentina, e já chegou a resultados inéditos sobre essas fontes das partículas de energias elevadas. Após a publicação dos resultados completos na Revista Science, em novembro do ano passado, em dois meses foram publicados 26 artigos sobre a descoberta e aumentou o número de encomendas às empresas brasileiras que participam da construção, levando ao avanço no conhecimento aliado à geração de emprego e renda.
Os pesquisadores descobriram que os Núcleos Ativos de Galáxias (AGN, na sigla em inglês) são os candidatos mais prováveis para a origem dos raios cósmicos de energias elevadas que atingem a Terra. De acordo com eles, as fontes das partículas de energias elevadas não estão distribuídas uniformemente no céu e relacionam as origens destas partículas misteriosas às posições de galáxias vizinhas que possuem núcleos ativos em seus centros.
Os raios cósmicos são partículas que viajam o universo em velocidade altíssima, próxima à da luz, e bombardeiam constantemente a terra, de todos os lados. A origem da maioria está nas partículas emitidas pelo Sol e uma outra parte origina-se de cataclismos que ocorreram na galáxia como as explosões de estrelas, as supernovas.
Inovação
Dentre os seus equipamentos, o observatório utiliza tanques-detectores na superfície e telescópios que registram a passagem de raios cósmicos pela atmosfera terrestre para estudar a origem, fontes e natureza da radiação cósmica.
A construção dos 1.690 tanques-detectores foi realizada pelas empresas brasileiras Alpina Termoplásticos (SP), no início do projeto, e a Rotoplastyc Indústria de Rotomoldados (RS), que passou a fabricar a partir de 2005. "Os últimos 18 tanques estão seguindo para a Argentina nesta semana, em veículo exclusivamente adaptado para transportar essas peças. A Rotoplastyc está negociando com um laboratório americano o desenvolvimento de tanques com isolamento térmico para não permitir o congelamento da água", informou o coordenador do projeto pelo lado brasileiro, o pesquisador da Unicamp, Carlos Escobar.
Outra empresa, a Schwantz Ferramentas Diamantadas (SP), também equipou com lentes, fabricadas aqui no país, os 24 telescópios de fluorescência e já recebeu de um laboratório europeu a encomenda de produzir outros tipos de lentes para o próprio Pierre Auger.
A contribuição brasileira envolve, ainda, 24 pesquisadores de 10 universidades e institutos de pesquisa brasileiros e a concessão de recursos financeiros de instituições governamentais e estaduais, como CNPq, Finep e Fapesp, inclusive na manutenção do observatório e nas próximas etapas da pesquisa.
Participaram, também, da construção, as indústrias Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP), no projeto e execução das portas dos telescópios e caixa óptica para eles, e Acumuladores Moura, de Belo Jardim (PE), fornecedora das baterias que alimentam a eletrônica dos tanques.