Notícia

Ecoamazônia

Índios xavantes vivem epidemia de diabete, aponta estudo (31 notícias)

Publicado em 20 de outubro de 2020

Por Elton Alisson, da Agência FAPESP

Pesquisadores da USP e da Unifesp constataram, por meio de exames da retina, alta prevalência de diabete tipo 2 e de uma disfunção oftalmológica causada pela doença

Uma das populações indígenas mais vulneráveis ao SARS-CoV-2 no Brasil, os xavantes vivem uma epidemia de outra doença silenciosa, considerada fator de risco para o agravamento da covid-19: a diabete. Um grupo de pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP constatou, por meio de exames da retina de 157 índios da etnia, realizados antes da pandemia do novo coronavírus, uma alta prevalência de diabete tipo 2 e de uma disfunção oftalmológica causada pela doença.

Os resultados do estudo, apoiado pela Fapesp, foram publicados na revista Diabetes Research and Clinical Practice, da International Diabetes Federation.

“Dentre os 157 índios xavantes que examinamos, 95 [60,5%] tinham diagnóstico de diabete”, disse à Agência Fapesp Fernando Korn Malerbi, pós-doutorando no Departamento de Oftalmologia da EPM-Unifesp e primeiro autor do estudo.

A fim de diagnosticar casos de retinopatia diabética e de outras possíveis disfunções oftalmológicas em populações indígenas, os pesquisadores fizeram exames de retinografia em índios xavantes das reservas Volta Grande e São Marcos, situadas no Mato Grosso. Para isso, usaram um retinógrafo portátil desenvolvido pela empresa Phelcom Technologies, por meio de um projeto apoiado pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

Dos 95 pacientes diagnosticados com diabete não foi possível avaliar se 23 deles (24,2%) apresentavam retinopatia diabética devido à opacidade de tecidos transparentes dos olhos, como o cristalino, causada por catarata. Nos 72 índios cujas imagens obtidas da retina permitiram o diagnóstico de retinopatia diabética, os pesquisadores constataram que 16 apresentavam a doença e sete deles tinham risco de cegueira.

Um estudo anterior com 932 índios da etnia indicou que 66,1% apresentavam síndrome metabólica, definida como uma condição na qual os fatores de risco para doenças cardiovasculares e diabetes mellitus ocorrem ao mesmo tempo.

Para ler a matéria na íntegra clique aqui

PUBLICADO EM:   JORNAL DA USP