Reportagem: Aline Tavares
A série “Ensaios clínicos no Butantan” traz um panorama sobre estudos clínicos e como o Instituto Butantan evoluiu nessa área, tornando-se um dos maiores desenvolvedores de vacinas da América Latina
O Instituto Butantan começou sua trajetória no desenvolvimento de soros e vacinas há mais de um século, em meio à epidemia da peste bubônica de 1899, e hoje se consolida como um dos maiores produtores de imunobiológicos da América Latina. Parte fundamental desse trabalho envolve a realização de estudos clínicos, pesquisas em seres humanos que permitem avaliar a segurança e a eficácia de novos imunizantes e medicamentos. Ao longo de seus 124 anos, o Butantan foi responsável por mais de 30 ensaios clínicos, incluindo o maior estudo já feito no país (da vacina da dengue), e se prepara para responder a futuras pandemias. Uma maturidade que se deve não só aos avanços do próprio Instituto, mas aos aprendizados da ciência como um todo.
Para contextualizar a história dos estudos clínicos, é preciso voltar no tempo: os primeiros testes farmacêuticos em seres humanos no mundo datam de 1747, quando o médico escocês James Lind tentou investigar uma cura para o escorbuto. A enfermidade acometia marinheiros e causava hematomas, anemia e cansaço excessivo. Ao administrar diferentes substâncias nos doentes – ácido sulfúrico diluído, vinagre e frutas cítricas –, Lind descobriu que as frutas melhoravam a condição. Os cientistas da época não sabiam que a doença era causada pela falta de vitamina C, e a inclusão de limões e laranjas na dieta dos marinheiros resolveu o problema.