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Vale Paraibano

Incubadoras: de aparelho de som a avião

Publicado em 30 dezembro 2007

Faturamento sobe 274% em três anos


O faturamento da Incubadora Revap aumentou 274% em três anos. Em 2005, o valor foi de R$ 880 mil. No ano seguinte passou para R$ 1,3 milhão e, em 2007, as empresas fecharam com R$ 3,2 milhões.

"Reflexo que vem desde o trabalho de seleção das empresas, que se reflete na qualidade dos produtos desenvolvidos e na consolidação de um bom fatura mento", afirma o gerente da incubadora Luiz Coimbra.

Projetos em desenvolvimento devem continuar a aumentar o faturamento da incubadora. A Kraüss Aviação trabalha na construção do KA-01, um avião para uso em pulverização agrícola e combate a incêndios florestais.

A empresa aposta na aviação agrícola no país. Hoje, o Brasil possui cerca de 270 empresas prestadoras de serviço de pulverização aérea com uma frota de 1.700 aeronaves. Segundo a Krauss, o mercado potencial é estimado em 10.000 aeronaves no país.

Para conseguir sua fatia nessa área, a empresa projetou um avião de construção metálica com asas em alumínio e fuselagem em aço-carbono. O KA-01 irá concorrer com o Ipanema, fabricado pela Neiva, subsidiária da Embraer em Botucatu (SP). A previsão é de que a aeronave irá custar US$ 350 mil e a produção em série seja inciada em 2008.

Das incubadoras tecnológicas saem os produtos que vão estar amanhã nas indústrias ou ao alcance direto do consumidor. Em São José dos Campos, as instituições fecharam este ano em pleno desenvolvimento de novos projetos que chegarão ao mercado em 2008 ou irão ganhar corpo no próximo ano.

No Cecompi (Centro Para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), localizado no Par que Tecnológico de São José dos Campos, um dos destaques cabe na palma da mão dos consumidores. Lançado em novembro, o Moovi conecta aparelhos do tipo MP3 ao sistema de som de carros por meio do sistema wirelles, que transmite dados por meio de ondas de rádio. Ao sair do automóvel, o motorista leva com ele o aparelho e elimina o risco de furto do som automotivo.

O produto é voltado para o público jovem universitário, que param seus carros na rua e já tiveram seus aparelhos roubados. A idéia do Moovi surgiu após os engenheiros Roberto Carvalho e Daniel Kunzler também terem sido vítimas desse tipo de ação.

"Eu mesmo tive o carro arrombado duas vezes por ladrões de som", diz Carvalho. O Moovi é composto por um transmissor e uma central receptora, que fica ligada as caixas de som. O transmissor pode ser conectado a aparelhos de MP3, celulares, palmtops e laptops. "Até um violão pode ser plugado ao sistema. Seu uso se es tende a qualquer tipo de equipamento de áudio", afirma Carvalho.

Já a central pode ser instalada em qualquer parte do carro sem ficar aparente —no interior do painel, por exemplo.

Mercado - A primeira leva de mil aparelhos está sendo comercializada a R$ 390 a unidade. Ao todo foram dois anos entre pesquisa, desenvolvimento, plano de negócios e produção do Moovi. Foram investidos no projeto R$ 500 mil, captados junto a investidores de risco e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

A Noxt, empresa de Carvalho e Kunzler que produz o Moovi já negocia com distribuidoras em Brasília, Porto Alegre e Florianópolis para expandir a invenção. "Também estamos conversando com montadoras para que o Moovi possa ser oferecido como opcional de fábrica", diz Carvalho.

Encampada pela Companhia Vale do Rio Doce, a chamada turbina 'flex' é aposta certa para 2008. O projeto teve inicio na Incubadora Tecnológica Revap (Refmaria Henrique Lage) há cerca de 14 meses.

O projeto atraiu a multinacional, interessada na produção de energia mais limpa e barata. O CDTE (Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Energia) da Vale do Rio Doce, previsto para ser instalado em São José vem no vácuo da invenção.


CVRD investe em geração de energia

Com 1.300 HPs de potência e peso de 600 quilos —um terço dos modelos a diesel de mesma potência—, a turbina 'flex', desenvolvida na incubadora da Revap, tem potencial para alimentar uma indústria de grande porte ou gerar energia para hospitais e shoppings, por exemplo. A CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), que comprou o projeto, não descarta transformar sua fabricação em um novo braço da empresa. O projeto foi iniciado pela Polaris, que se uniu a Sygma e juntas apresentaram o projeto a CVRD, a maior consumidora de energia do país.


Projetos têm apoio estratégico

As incubadoras oferecem a pequenos empreendimentos apoio estratégico durante seus primeiros anos de existência E uma estratégia para tentar diminuir o índice de mortalidade das médias e pequenas empresas no Brasil.

Segundo dados do Sebrae, mais da metade das micro, pequenas e médias empresas fecha as portas antes de completar seu terceiro ano devida. As primeiras incubadoras de empresas surgiram no Brasil na década de 80.

Em março foram completados dez anos desde que a primeira foi criada em São José dos Campos, na Univap (Universidade do Vale do Paraíba). Hoje, a cidade conta com outras três: Cecompi, no Parque Tecnológico da prefeitura, a Icubaero (incubadora voltada para o setor aeroespacial), no CTA (Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial), e na Revap.

Um dos segredos para o sucesso de empresas instaladas em uma incubadora é que o processo de seleção capta os melhores projetos e seleciona os empreendedores mais aptos, o que amplia as possibilidades de sucesso.

As incubadoras dão suporte e preparam as empresas residentes por meio de consultorias e assessorias especializadas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial, mercadológica e financeira, possibilitando, ainda,

o envolvimento com instituições financeiras e governamentais.

Para fazer parte de uma incubadora, a empresa ou o empreendedor precisa passar por um processo de seleção, que inclui exigências como a apresentação de um plano de negócios para apreciação de um conselho técnico. O tempo de incubação varia de dois a três anos.