A Incubadora de Empresas de Santos, a partir de seus primeiros resultados, poderá viabilizar a formação de um parque tecnológico na região. A avaliação é do diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), José Fernando Perez, que esteve ontem na Cidade. Segundo ele, caso isso se confirme. Santos criará um novo modelo de desenvolvimento apoiado em universidades particulares.
Perez foi um dos palestrantes do Café Tecnológico, evento criado pela incubadora e realizado na Associação Comercial de Santos para dar partida à seleção de novas propostas de incubação. "Há uma série de ingredientes em um processo nascente e se a competência tecnológica persistir, haverá a geração tecnológica".
O diretor da Fapesp é uma das maiores autoridades no fomento à ciência no País. No final dos anos 90, ele conduziu um dos maiores feitos da ciência brasileira do século 20, o seqüenciamento dos genes da Xylela fastidiosa, bactéria causadora do amarelinho da laranja.
A expectativa de Perez quanto à formação de uma base tecnológica em Santos surgiu a partir da concessão de apoio financeiro a uma das empresas incubadas, a Camelback. O auxílio recebido pela Camelback é o Programa de Incentivo ã Pesquisa nas Empresas (Pipe), que prevê ajuda de até RS 500 mil. O Pipe é mantido pela Fapesp e muito disputado pelas empresas de base tecnológica. A seleção é rigorosa e somente um terço dos projetos é escolhido. O embrião de uma base tecnológica em Santos também passa pela própria incubadora.
Segundo o gerente da entidade, Santiago Gonzalez Carballo, outras quatro empresas aguardam proposta do Pipe. Para o diretor da Fapesp, as candidaturas mostram um fortalecimento da pesquisa científica empresarial. Segundo Perez, um dos problemas do Brasil é que o investimento em inovação tecnológica é feito em sua maioria por instituições públicas de ensino e não por empresas.
Universidades
Perez também destacou a participação das universidades particulares na incubadora. A reitora da Unisanta, Sylvia Teixeira Penteado, que também esteve no Café Tecnológico, destacou a criação de pré-incubadoras nas instituições de ensino superior. A pré-incubação será voltada para empreendedores que elaboram uma idéia, mas que ainda precisam viabilizar a empresa, portanto, num estágio anterior às beneficiadas pela atual incubadora.
No caso de Santos, ele considera inédita a formação de base tecnológica com suporte de universidades particulares porque as incubadoras e parques mais antigos surgiram em cidades com instituições públicas tradicionais em pesquisa. "O ambiente tecnológico tem que ser visto como patrimônio da Cidade".
Para o diretor da Fapesp, a parceria da incubadora com as universidades tem um efeito cultural sobre a Cidade, que é a formação do empreendedorismo. "A transferência de conhecimento se dá por meio da formação de recursos humanos", afirma Perez sobre o papel das instituições.
Também participaram do Café Tecnológico o presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), José Moreira da Silva, o secretário de Planejamento, Márcio Lara, as reitoras Viária Helena Lambert (UniSantos) e Sylvia Teixeira Penteado (Unisanta), os representantes do Unilus, Rodolfo Molinari, e Sebrae. Patrícia Ovalle, e o diretor adjunto do Ciesp de Santos, Mário Gaspar. A incubadora é administrada pelo Fiesp/Ciesp e conta com a parceria da UniSantos, Unilus, Unimonte, Unisanta e Unimes, CDL Santos Praia, Associação Comercial de Santos e Prefeitura.
Notícia
A Tribuna (Santos, SP)