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Incômoda realidade

Publicado em 01 setembro 2010

O atraso do Brasil nas áreas de ciência e tecnologia é uma realidade. Mas se isso é uma incômoda verdade, também é fato que há cientistas debruçados dedicadamente em cima de estudos para diminuir a distância relativa entre um País emergente e as nações mais desenvolvidas. É por conta da ação desses pesquisadores brasileiros que o Brasil começa a ganhar algum destaque naquilo que já se chamou de "corrida espacial", herança da Guerra Fria.

Nela, o Brasil ficou para trás em pelo menos meio século no tocante à propulsão de foguetes espaciais na comparação com norte-americanos e soviéticos. Mas há cerca de quinze começou a se desenvolver no País um programa de pesquisa em propulsão líquida tendo como base o etanol nacional.

O desafio do programa, liderado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), é movimentar futuros foguetes com um combustível líquido que seja mais seguro do que o propelente à base de hidrazina empregado atualmente. Esse último, cuja utilização é dominada pelo País, é corrosivo e tóxico.

O desafio da busca por um combustível "verde" e nacional também conta com o apoio de um grupo particular de pesquisadores, formado em parte por engenheiros que cursam ou cursaram o mestrado profissional em engenharia aeroespacial do IAE - realizado em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica e com o Instituto de Aviação de Moscou. Finda a Guerra Fria, é hora de aquecer as parcerias.

Liderado pelo engenheiro José Miraglia, professor da Faculdade de Tecnologia da Informação (Fiap), o grupo se uniu para desenvolver propulsores de foguetes que utilizem propelentes líquidos e testar tais combustíveis.

"Os propelentes líquidos usados atualmente no Brasil estão restritos à aplicação no controle de altitude de satélites e à injeção orbital. Eles têm como base a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio, ambos importados, caros e tóxicos", disse Miraglia à agência Fapesp.

Miraglia coordena o projeto "Desenvolvimento de propulsor catalítico propelente utilizando pré-misturados", apoiado pelo Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe).

Na primeira fase do projeto, o grupo, em parceria com a empresa Guatifer, testou motores e foguetes de propulsão líquida com impulso de 10 newtons (N), com o objetivo de avaliar propelentes líquidos pré-misturados à base de peróxido de hidrogênio combinado com etanol ou querosene.