Um estudo publicado por pesquisadores brasileiros na revista Ecosystem no começo do mês alertou para o risco crescente da degradação florestal no interior da Amazônia. Segundo a pesquisa, a intensificação das queimadas no interior da floresta é o principal fator que explica esse processo. Os autores analisaram mudanças em uma paisagem de ecossistemas inundáveis, no médio rio Negro, na região do município de Barcelos (AM). Nessa área, manchas de savana de areia branca estão crescendo em meio à floresta.
“Ao analisar a abundância de espécies de árvores e as propriedades do solo em diferentes momentos no passado, descobrimos que os incêndios florestais haviam matado praticamente todas as árvores, possibilitando que a camada superficial do solo, rica em argila, sofresse erosão com as inundações anuais e se tornasse progressivamente arenosa”, disse Bernardo Monteiro Flores, pós-doutorando da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coautor do estudo à Agência Fapesp.
Os autores constataram também que, no processo natural de recuperação das áreas queimadas, o tipo de cobertura vegetal passou por importante modificação, com a proliferação de árvores típicas das savanas de areia branca, que se tornaram cada vez mais dominantes, junto com plantas herbáceas nativas.
Em tempo: Depois de mais de uma década, o Brasil ratificou no começo do ano o Protocolo de Nagoia sobre recursos genéticos, parte da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. Essa era uma demanda antiga de ambientalistas, já que o país possui uma das maiores biodiversidades do planeta – e, por tabela, um dos maiores patrimônios genéticos. No entanto, como Mariana Grilli escreveu no Globo Rural, o governo federal ainda bate cabeça para definir como será a implementação dos termos do acordo no país. Não há sequer definição acerca de qual instância do governo terá a responsabilidade pela aplicação das regras sobre recursos genéticos.