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Incêndio no pantanal amazônico causa perda de 27% das árvores em 3 anos, segundo estudo

Publicado em 07 junho 2021

Mesmo nas regiões mais úmidas da Amazônia, o efeito dos incêndios florestais, que só se espalham nesses espaços quando secas severas são registradas, é significativo e capaz de mudar as características das plantas nas próximas décadas, embora esteja mesmo diminuindo do que em outras partes do bioma.

Um estudo de ponta que mediu os efeitos das chaminés in loco mostra que a floresta queimada em áreas úmidas perde em média 27,3% das árvores, basicamente árvores pequenas e médias, e 12,8% da biomassa (reserva de carbono) em 3 anos após a chaminé. A mortalidade por vegetação, maior nos dois primeiros anos, abriu espaço, por exemplo, para a progressão de espécies locais de bambu herbáceo.

Com um domínio de cinco milhões de quilômetros (km2), a Amazônia Legal abrange 59% do território brasileiro, distribuídos em 77 cinco municípios, concentra 67% das florestas tropicais, abriga um terço das árvores do mundo e 20% das novas. Água.

É também o bioma brasileiro que tradicionalmente registra os maiores incêndios consistentes com o ano, segundo o conhecimento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Somente em 2020, foram 103. 161 incêndios, o maior registrado desde 2017 (com 107. 439 notificações no ano). e a terceira maior da década, 2015, com 106. 438 epidemias (leia mais sobre: queimadas. dgi. inpe. br/queimadas/portal-static/estatisticas_estados/).

Esses incêndios florestais de 2015, através da seca excessiva através do fenômeno climático El Niño, foram objeto de estudos apoiados pela FAPESP por meio de dois projetos (16/21043-8 e 20/06734-0) e publicados na revista Proceedings of the Royal Society. B: Ciências Biológicas.

Realizado sob a direção do chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG) do Inpe, Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, são examinados os principais pontos sobre os efeitos dos incêndios na vegetação, também conhecimentos coletados diretamente no campo.

“Estudar como as florestas respondem às chaminés a longo prazo é uma das fronteiras da sabedoria sobre como a Amazônia funciona. Esse entendimento aponta não apenas para a perspectiva de moldar o bioma de longo prazo e sua interação com o clima, mas também para fornecer subsídios ao Brasil para melhor relatar suas emissões de carbono e remoções no contexto de políticas de redução das emissões do desmatamento e da degradação florestal [REDD], o que pode trazer benefícios monetários ao país. “, diz Aragão à Agência FAPESP.

Os pesquisadores prontamente analisaram espaços queimados e não qualificados após os incêndios que atingiram o norte da região entre os rios Purús e Madeira, na Amazônia central, e realizaram censos anuais para acompanhar os pontos demográficos que determinaram a evolução da biomassa nos próximos anos. Três anos.

O território está localizado a cerca de 90 km a sudeste de Manaus, no município de Autazes, próximo à rodovia BR-319. Os pesquisadores mediram árvores de 10 centímetros (cm) de diâmetro ou mais e avaliaram como a expansão e a mortalidade do caule foram influenciadas pela intensidade da chaminé (representada pela altura da marca de queimadura na base das árvores) e pelas características morfológicas das plantas (comprimento e densidade da madeira).

A maior parte da coleção in loco foi da doutoranda Aline Pontes-Lopes, do INPE, e da pesquisadora Camila Silva, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que foram os primeiros autores do artigo.

“Esse conhecimento da caixa é muito valioso. No trabalho, foram coletados diversos censos na mesma área queimada, que é um tipo raro de dados na Amazônia, especialmente na selva úmida. Há poucos lugares onde você tem conhecimento da caixa. sobre mortalidade de árvores, expansão e avaliação da dinâmica do local. Além disso, o estudo mostra efeitos nos espaços mais úmidos da floresta, onde os incêndios não eram frequentes, trazendo nova sabedoria sobre essas regiões”, diz Ricardo Dal’Agnol, coautor do artigo.

Pesquisador do DIOTG-Inpe, Dal’Agnol também recebe da FAPESP e participou de algumas outras pinturas publicadas em janeiro que apontaram o estresse hídrico, a fertilidade do solo e a degradação das plantas como pontos que influenciam a mortalidade das árvores, abrindo clareiras na floresta amazônica (ver em agenciaArrayfapesp . br / 35190/).

“Notamos nos espaços queimados que árvores, mudas e arbustos são os primeiros a morrer, abrindo um piso baixo que nos permitiu caminhar pela floresta e instalar os lotes florestais em 2015. Em dois ou três anos, basicamente árvores pequenas e médias”, explica Pontes-Lopes, em entrevista à agência Fapesp. Esses baixos são formados através de um pequeno conjunto de plantas que crescem até um ponto abaixo do dossel da floresta.

Segundo o doutorando, outro ponto vital é o efeito da chaminé na biomassa, segundo o estudo, enquanto a biomassa permaneceu sólida durante os 3 anos nos espaços de desmoking, nos espaços afetados houve um alívio de 12,8%. durante o mesmo período.

“O efeito foi significativo nas videiras [videiras e videiras], que perderam 38,6% dos americanos e 38,1% da biomassa. As árvores perderam 28% dos americanos e 12,1% da biomassa, enquanto as palmeiras perderam 14,6% e 27,2%. “respectivamente. Essas mesmas comparações em espaços não qualificados apresentaram perdas muito menores ou nenhuma tendência significativa de substituição”, relata o artigo.

Ao analisar as configurações de expansão no ponto tronco e comparar os espaços afetados pela chaminé com os que não eram, as pinturas indicam que árvores com menor densidade de madeira cresceram mais rapidamente em espaços que haviam queimado até 3 anos depois. Além disso, os maiores acumularam. mais carbono nas parcelas queimadas.

No entanto, a expansão dessas duas categorias de árvores não significa um aumento da biomassa florestal global ou um aumento na produção de madeira, pois é inadequado compensar a mortalidade das árvores superiores causada pelo fogo.

Segundo Pontes-Lopes, o conhecimento coletado está sendo utilizado por meio de outras equipes em pelo menos 4 outros estudos, que foram padronizados e colocados no repositório ForestPlots. net, local onde pesquisadores, cientistas e comunidades florestais locais, especialmente as tropicais, podem compartilhar informações.

Estudos mostram que o monitoramento contínuo dos espaços afetados pelo fogo durante períodos normais (anual ou semanário) fornece uma melhor compreensão dos fluxos de dióxido de carbono (emissão e absorção de CO2), tempo de recuperação pré-incêndio e interrupções imagináveis na dinâmica do carbono consistente com a mortalidade por árvores. “Estudos futuros merecem se concentrar no acompanhamento a longo prazo após incêndios para determinar se a mortalidade tardia de árvores altas está ocorrendo em uma escala gigante na Amazônia”, observa o artigo.

Estima-se que os incêndios no bioma possivelmente seriam responsáveis por mais de 50% das emissões globais de gases de efeito estufa devido à mudança do uso da terra. Esses combustíveis, basicamente CO2, contribuem para o acúmulo da temperatura global, que também pode simplesmente ter 1,5 °C acima dos graus pré-industriais até 2050 se as medidas de mitigação não forem seguidas em todos os países.

No entanto, os efeitos a longo prazo das queimadas na Amazônia ainda não são suficientemente quantificados. Um artigo publicado no ano passado, escrito pela primeira vez por Silva, mostrou que, ao longo de 30 anos, mais de 70% das emissões brutas de queimadas florestais se devem ao processo de mortalidade e decomposição da vegetação.

Essas emissões foram parcialmente compensadas pela expansão das florestas no mesmo período. Em geral, as emissões anuais atingem o pico de 4 anos após os incêndios.

O desmatamento e a degradação florestal, combinados com as mudanças climáticas, estão comprometendo os estoques de carbono florestal. Através da fotossíntese, as plantas convertem dióxido de carbono leve em energia, reduzindo a quantidade de CO2 na atmosfera. O carbono é armazenado em biomassa até que as plantas queimem ou morram e se decomponam.

“Sem a regulamentação do uso da terra, a meta atual do governo brasileiro de pavimentar a rodovia BR-319 aumentará o desmatamento em Purús-Madeira, ampliando os recursos de ignição e a ameaça relacionada de incêndios florestais em larga escala na região”, alertam os pesquisadores.

Para ajudar a tomar decisões de longo prazo na prevenção de incêndios em larga escala na Amazônia, recomendam a apresentação de dois produtos: um que mapeia a ameaça de incêndios florestais e outro que mapeia os possíveis efeitos dos incêndios de acordo com as características morfológicas das plantas. As tecnologias de sensoriamento remoto são imprescindíveis para a progressão desses produtos, a fim de complementar os estoques de caixas.

“Conhecer os efeitos dos incêndios na floresta permite uma maior gestão ambiental, com políticas públicas voltadas para o manejo de incêndios, que devem ser dissociadas a partir de políticas para atenuar o desmatamento. Os avanços nesse domínio são essenciais para poder quantificar os efeitos genuínos dos movimentos humanos sobre o ciclo do carbono na Amazônia e buscar táticas coerentes para alcançar a progressão sustentável da nação”, conclui Aragão.

O artigo sobre os efeitos dos incêndios florestais induzidos pela seca no desenho e na dinâmica de uma floresta amazônica central úmida, através dos autores Aline Pontes-Lopes, Camila VJ Silva, Jos Barlow, Lorena M. Rincon, Wesley A. Campanharo, Cássio A. Nunes , Catherine T. de Almeida, Celso HL Silva Júnior, Henrique LG Cassol, Ricardo Dal’Agnol, Scott C. Stark, Paulo MLA Graça e Luiz EOC Aragão, podem ser lidos aqui [https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rspb.2021.0094#d1e1102]