Em 1983, um dos símbolos das vitórias do futebol brasileiro era roubado. Trinta e seis anos depois, a ciência presenteará o País com uma réplica em tamanho natural da Taça Jules Rimet.
O diferencial é a nova tecnologia utilizada para reconstruir o troféu: impressão aditiva em metais. A peça não é lapidada a partir de um bloco de polímeros, como ocorre com a impressão 3D tradicional, mas “cultivada” a partir do zero. Um laser vai fundindo o metal em pó a temperaturas superiores a 1.700 graus centígrados e, ao mesmo tempo, esculpe a peça no formato desejado.
A nova taça está sendo produzida pela equipe do professor Reginaldo Teixeira Coelho, coordenador do Laboratório de Processos Avançados e Sustentabilidade (Lapras), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Eles projetaram e estão construindo a réplica em aço inoxidável. O equipamento para “imprimi-la” é uma máquina híbrida com tecnologia DED (Direct Energy Deposition).
A impressora é capaz de depositar material metálico a partir de matéria-prima na forma de pó metálico e fabricar peças pelo processo de deposição direta por energia. A partir de um desenho 3D feito em software de modelagem, o equipamento pode fabricar a peça metálica diretamente com uma necessidade mínima de ferramental.
A impressora aditiva pertence ao parque de equipamentos do laboratório da USP e foi desenvolvida com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a indústria Romi. Ela é avaliada em R$ 2 milhões e integra o projeto de pesquisa Estudo, desenvolvimento e aplicação de processo híbrido: Manufatura Aditiva (Ma) + High Speed Machining/Grinding (HSM/G).
A nova taça deve ficar pronta no primeiro semestre de 2020, quando será doada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, em comemoração aos 50 anos da conquista do Tricampeonato Mundial de Futebol, no México, em 1970.
O oferecimento de uma taça como recompensa pela conquista da primeira Copa do Mundo de Futebol, ocorrida no Uruguai em 1930, foi proposto no Congresso da Federação Internacional de Futebol, ocorrido em 1928.
O então presidente da entidade, Jules Rimet, ordenou que fosse feito um troféu em ouro. Por sugestão dele, a posse definitiva do troféu (que em 1946 passou a levar seu nome) ficaria com o país que conseguisse vencer um total de três edições da Copa – algo que se imaginava extremamente difícil, pois acreditava-se que nenhum país fosse capaz de atingir esta marca, senão após muito tempo.