Impacto da COVID-19 na Saúde Cardiovascular e a Necessidade de Reabilitação
Pessoas que tiveram COVID-19, mesmo com quadros leves, podem enfrentar desequilíbrios no sistema cardiovascular, necessitando de tratamento de reabilitação. Um estudo realizado com 130 voluntários na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da FAPESP , confirmam esta preocupação.
Pesquisas publicadas na revista Scientific Reports demonstraram que indivíduos testados até seis semanas após a infecção apresentaram uma redução significativa na variabilidade da frequência cardíaca (VFC). A VFC é um indicador crucial da saúde cardiovascular, refletindo a capacidade do coração de se adaptar às demandas do organismo. Aqueles testados entre dois e seis meses ou sete e doze meses após a infecção mostraram melhorias, embora sem atingir os níveis normais encontrados em indivíduos não infectados pelo SARS-CoV-2.
Uma baixa VFC está associada a dificuldades no ajuste da frequência cardíaca em resposta a estressores ambientais, como situações de estresse ou inflamação sistêmica, característica da COVID-19 . Audrey Borghi Silva, coordenadora do Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar (Lacap) da UFSCar, ressalta que até mesmo pessoas com COVID-19 leve devem considerar programas de reabilitação cardiovascular.
Os pesquisadores também notaram que, entre os infectados, houve uma predominância do sistema nervoso simpático sobre o parassimpático, importantes componentes do sistema nervoso autônomo, responsável por funções involuntárias do corpo, como a pressão arterial. A predominância do simpático indica um desbalanceamento que pode aumentar a probabilidade de problemas cardiovasculares.
Além do impacto na VFC, a pesquisa identificou que a dispneia (falta de ar) era o sintoma mais comum entre os indivíduos com modulação autonômica cardíaca comprometida, e outros sintomas como tosse, fadiga, cefaleia, e ansiedade também foram prevalentes, especialmente no grupo testado mais próximo do diagnóstico.
Os resultados sugerem uma fase de recuperação autonômica, onde indivíduos com mais tempo de recuperação apresentaram uma modulação simpático-parassimpática melhorada.
Essa pesquisa reforça a necessidade urgente de reabilitação cardiovascular para aqueles que se recuperaram da COVID-19, destacando a importância de cuidar da saúde cardíaca em todas as faixas etárias após a infecção.
Informações da Agência FAPESP