A poluição marinha tem chegado a níveis tão preocupantes que estaria formando pedras de plástico na Ilha da Trindade, uma formação de origem vulcânica localizada a 1.140 quilômetros da capital do Espírito Santo, Vitória.
É o que sugere artigo publicado por cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de outras instituições brasileiras no periódico Marine Pollution Bulletin, (Boletim de Poluição Marinha) da plataforma ScienceDirect (Elsevier).
“O material plástico vai se inserindo nas pedras e nos processos naturais de incrustração de espécies marinhas e acaba se incorporando às rochas”, diz Luiz Fernando Schettino, professor aposentado do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes, engenheiro florestal e ambientalista. Para ele, é preciso haver reforço na fiscalização na orla e no mar.
O estudo relata a ocorrência de rochas idênticas às naturais, mas compostas por plástico no Parcel das Tartarugas, região das ilhas, que é toda administrada pela Marinha do Brasil.
Daniel Gosser Motta, biólogo e mestrando em Biologia Animal pela Ufes, que realiza pesquisas sobre contaminação de animais marinhos por plásticos, destaca a interferência na fauna.
Segundo o biológo, o plástico poderá afetar com o tempo a reprodução das tartarugas-verdes (Chelonia mydas), pois a temperatura do ninho é um fator determinante do sexo dos embriões das tartarugas e tem uma ligação direta com a areia onde elas enterraram os ovos.
Em entrevista ao site da UFPR, Fernanda Avelar Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geologia da universidade, contou que a descoberta aconteceu durante atividades de mapeamento geológico realizadas na ilha.
“Identificamos tipos de formas de detritos plásticos, distintos em composição e aparência. São eles: os depósitos plásticos na plataforma litorânea que recobriam rochas vulcânicas; sedimentos da atual praia compostos por cascalhos e areias; e rochas praiais com superfície irregular devido à erosão hidrodinâmica”, descreve a pesquisadora.
Pedido por mais fiscalização
Artigo relata plástico
Artigo publicado por cientistas da UFPR e de outras instituições relata a ocorrência de rochas idênticas às naturais mas compostas por plástico no Parcel das Tartarugas, região da Ilha da Trindade, a 1.140 km de Vitória.
As rochas constituídas por plástico foram identificadas próximo à maior região de ninhos da tartaruga-verde (Chelonia mydas) e de recifes de caracóis marinhos do Brasil.
Para o ambientalista Luiz Fernando Schettino, é preciso haver mais fiscalização, educação ambiental, apoio aos pescadores e conscientização deles, principalmente da população para redução do uso do plástico.
O biólogo Daniel Gosser Motta diz que a principal medida é a sensibilização das pessoas sobre o uso demasiado e o descarte incorreto dos materiais plásticos no meio ambiente.
A rede de pesca é composta por nylon (poliamida – polímero plástico) e foi a mais encontrada no estudo, possivelmente por muitas embarcações pescarem com redes de balão/arrasto próximo à ilha.