O Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE-USP) recebeu financiamento de R$ 40 mil para instalar um novo laboratório eletrônico. Aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em meados deste ano, o projeto tem como objetivo imediato determinar testes para medir a eficiência de motores elétricos. A longo prazo, a meta é conter o desperdício de energia no País.
Segundo o diretor da Área de Potência do IEE, Orlando Silvio Lobosco, há três formas de conter o desperdício de energia em motores elétricos industriais, que respondem por cerca de 40% da energia consumida no Brasil. "É preciso garantir a qualidade do motor, a qualidade da energia fornecida, e monitorar o uso desse motor", explica.
Com este primeiro projeto, o IEE quer forçar os fabricantes brasileiros a melhorarem a qualidade dos produtos. Segundo Lobosco, os fabricantes têm tecnologia para isso porque exportam motores melhores que os produzidos para o mercado interno. Mesmo que haja aumento no preço final desse motor, Lobosco defende que isso será mais barato que incrementar a geração de energia. Ele calcula que as perdas evitáveis cheguem hoje a 600 megawatts (MW), equivalentes à produção de uma turbina da hidrelétrica de Itaipu.
Os equipamentos nacionais destinados ao projeto já foram comprados, segundo ele, faltando os importados. Como as cotas de importação da USP e da Fapesp já estão esgotadas este ano, as compras foram adiadas. "Pedimos à Fapesp prorrogação de prazo para conclusão dos testes", lamenta Lobosco, que promete finalizar a pesquisa até novembro de 1996.
Aproveitando a montagem do laboratório, os pesquisadores querem dar mais um passo: ver o que acontece quando a energia fornecida não tem a pureza dos testes laboratoriais. "Falou-se muito em poluição das águas e do ar, agora o assunto é a poluição da energia. Se conseguirmos melhorar a qualidade do fornecimento, estamos quebrando o segundo item do desperdício", justifica Lobosco. Segundo ele, o mais difícil é evitar os vícios de uso dos equipamentos nas empresas.
Para viabilizar os estudos sobre a qualidade, o IEE pretende fazer parcerias com empresas privadas,e obter o apoio do Centro de Excelência em Distribuição de Energia Elétrica, parceria entre a USP e as três concessionárias estatais de energia paulistas.
GOVERNO LIBERA VERBA PARA O INPE
POR VIRGÍNIA SILVEIRA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) conseguiu a liberação de um crédito suplementar, no valor de R$ 38 milhões, votado pelo Congresso Nacional na semana passada. Os recursos já estavam sendo esperados há mais de seis meses, e a maior parte - cerca de R$ 30 milhões - será destinada ao programa de desenvolvimento do Satélite Sino-Brasileiro de Sensoriamento Remoto, conhecido pela sigla CBERS.
O programa - feito em cooperação com a China - é um dos principais projetos do INPE no momento e, por causa das diversas dificuldades financeiras que vem passando, teve um atraso no cronograma de lançamento previsto inicialmente para outubro de 1996. Cerca de quinze empresas que participam do CBERS como fornecedores de equipamentos eletrônicos e mecânicos do satélite estavam sem receber pagamentos há quase dez meses.
O CBRS prevê a fabricação e o lançamento de dois satélites ambientais para executar serviços como levantamento de queimadas, desmatamento e previsão meteorológica. Com a operação do satélite, o Brasil poderá substituir a utilização dos similares americanos das séries Landsat.
Segundo o vice-diretor do INPE, Volker Kirchhoff, a verba suplementar aprovada pelo Congresso já era para fazer parte do orçamento normal do instituto, que ficou muito aquém de suas necessidades essenciais. Com a inserção dos novos recursos, o INPE fechará o ano com um orça- t mento da ordem de R$ 58 milhões. As depesas com pessoal, pagas à parte, somam mais R$ 20 milhões no orçamento.
A verba suplementar beneficiou também o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do INPE (CPTEC), localizado em Cachoeira Paulista. Segundo Kirchhoff, o CPTEC vai receber R$ 5 milhões para terminar a construção de suas novas instalações, inauguradas no ano passado. O restante dos recursos, liberados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, será distribuído entre projetos menores desenvolvidos pelo INPE.
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Gazeta Mercantil