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IDGeo, de inteligência agrícola, repagina marcas e investe na expansão para novas culturas (1 notícias)

Publicado em 20 de julho de 2022

Com carro-chefe nas Soluções Detecta, objetivo da startup é avançar sob lavouras de eucalipto, hortifrútis e soja, além de continuar crescendo na cana, e atrair novos investidores

Por Vitor Silva e Marina Salles

A IDGeo , agtech especializada em inteligência agrícola baseada em dados geográficos, está de cara nova. Com site repaginado e o carro-chefe estabelecido sob o chapéu de Soluções Detecta (que se desdobram em Detecta Daninhas, Danos, Colheita, Geada e Irrigação), a startup quer facilitar o entendimento da sua oferta de tecnologia pelo cliente mantendo no DNA o compromisso com a resolução de problemas concretos na lavoura.

Renata Morelli, da IDGeo

“Muitas vezes, o mercado entrega para o produtor a informação sobre o sintoma da lavoura. Transpondo para uma situação do dia a dia, dizem para ele: você está com febre. O que nós buscamos é ir além do sintoma, entregando o diagnóstico. É dizer: você está com febre porque está com covid-19. É essa inteligência que agrega valor na ponta”, afirma Renata Morelli, nova Diretora de Negócios da startup.

Na frente do Detecta Daninhas, por exemplo, a empresa informa a localidade da infestação por erva daninha e se ela é de folha larga ou estreita. Na cana, tem a precisão de inferir ainda se a presença é de mucuna, mamona ou corda de viola. Com uma comunicação direta e assertiva sobre o foco dos seus produtos, a expectativa da IDGeo é que essa entrega de valor também fique mais clara.

Além de investir no reposicionamento de marca, a nova fase da empresa virá acompanhada da expansão de culturas. Estabelecida no mercado de cana, a agtech planeja crescer nos campos de eucalipto, hortifrútis e adentrar lavouras de soja. Paralelamente a essas ações, a IDGeo está captando de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões para tracionar a operação e crescer o time de sucesso do cliente. A Poli Angels (grupo de investidores que foram alunos da Poli-USP) já assinou um cheque de R$ 500 mil para integrar a nova rodada, fazendo um follow-on depois de ter aportado R$ 700 mil na agtech em 2018. De 2016 para cá, a IDGeo também levantou outros R$ 3 milhões junto à Fapesp para investir em P&D. Atualmente com 18 pessoas, a startup pretende encerrar 2022 com 22 colaboradores.

Detectando daninhas, falhas de equipamentos de irrigação e novas parcerias

Entre os diferenciais das Soluções Detecta, segundo Renata, está a utilização de dados de radar, uma vez que esse tipo de sensor não sofre a interferência de nuvens, ao contrário dos satélites com sensores óticos. “Estamos no hemisfério Sul e, justamente no período da safra de grandes culturas, acontece de ter bastante nuvem no céu, o que barra o sensor óptico. Com o radar, estamos falando de pulsos eletromagnéticos. Então, não há risco de ficarmos sem imagem”, explica. Com as imagens em mãos, a detecção de ervas daninhas e outros riscos às culturas fica acima de 90%.

Diante do potencial da solução, a IDGeo tem desenvolvido parcerias com outras empresas para prestar seu serviço. Hoje, uma delas é a startup Arpac, de serviços aéreos com drones. As duas têm trabalhado juntas na operação de pulverização de herbicidas na cana-de-açúcar em usinas.

A solução da IDGeo somada à da Arpac visa entregar maior valor ao cliente na aplicação de herbicidas (Foto: Arpac)

A interação entre as tecnologias gera maior valor pelo ganho logístico e de performance das aplicações, funcionando assim: “A Arpac nos envia as áreas em que precisa aplicar herbicidas e nós identificamos e quantificamos as daninhas para que eles façam a aplicação otimizada”, explica Renata. A inteligência da IDGeo reduz o tempo de circulação dos técnicos da usina no campo e também o volume de herbicida aplicado. Outra ganho observado foi de uma queda média de 44% para 29% na infestação de plantas daninhas nas lavouras dos clientes.

No eucalipto, os trabalhos já começaram com gigantes como Bracell e Suzano. Os resultados no controle de ervas daninhas são de redução, da ordem de 20%, nas infestações que ocorrem até o oitavo mês após o plantio. É nesse momento que o dossel de árvores se fecha e impede a passagem de luz, diminuindo por si só a incidência de plantas indesejadas.

No caso dos hortifrútis, a IDGeo tem cases em culturas de alto valor agregado, como cebola, alho e frutas, aplicando uma solução de monitoramento de equipamentos de irrigação (Detecta Irrigação). A solução visa identificar de forma rápida problemas de funcionamento de sistemas de pivô central e gotejamento, fornecendo um laudo baseado em indicadores como a umidade do solo.

O Detecta Irrigação indica problemas com equipamentos no campo (Imagem: IDGeo)

“Vimos o caso de um produtor em São Gotardo, Minas Gerais, que teve prejuízo de R$1 milhão na sua lavoura de cebola e alho por falha de uma linha do pivô central, que era imperceptível a olho nu”, conta Renata. Usando a solução Detecta Irrigação, segundo ela, o prejuízo poderia ter sido evitado. No Vale do São Francisco, região produtora de frutas para exportação, a solução está em uso em 1 mil hectares da Agrodan, maior produtora e exportadora de mangas do Brasil.

Nesta nova fase, além de parcerias com grandes empresas e outras startups, a IDGeo quer se aproximar de revendas de insumos e cooperativas, para ampliar sua estratégia de go to market. No momento, os pilotos já começaram em cooperativas em São Paulo e Minas Gerais. Na soja, o projeto de expansão também segue firme, com prospecções de pilotos previstas para os próximos meses.

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