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Jornal da Cidade (Bauru, SP) online

Identificada pela primeira vez a presença de microplásticos ambientais no pulmão humano (36 notícias)

Publicado em 29 de junho de 2021

Foram analisadas amostras de 20 tecidos pulmonares, das quais 13 peças continham resíduos de microplásticos

Polietileno e polipropileno foram os polímeros mais frequentes

A presença de microplásticos ambientais no pulmão humano foi documentada pela primeira vez por pesquisadores da Universidade de São Paulo (FM-USP) em artigo publicado no Journal of Hazardous Materials.

A pesquisa, financiada pela Fapep, foi desenvolvida por grupos do Instituto de Química e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP, em parceria com uma equipe da Faculdade de Medicina (FM-USP) coordenada pela professora Thais Mauad.

Foram analisadas amostras de 20 tecidos pulmonares, das quais 13 peças continham resíduos de microplásticos. O material foi quantificado e caracterizado pelos pesquisadores com auxílio de espectroscopia Raman – uma técnica fotônica de alta resolução que pode proporcionar, em poucos segundos, informação química e estrutural de quase qualquer material. As análises revelaram a presença de partículas poliméricas menores do que 5,5 micrômetros (µm, a milésima parte do milímetro), bem como de fibras que variavam entre 8,12 e 16,8 µm. Os polímeros mais frequentemente determinados foram o polietileno e o polipropileno. Segundo os autores, a contaminação dos pulmões ocorreu por inalação.

“Somos o primeiro grupo no mundo a obter e publicar essas conclusões”, afirma Luís Fernando Amato Lourenço, pesquisador do Departamento de Patologia da FM-USP e bolsista da Fapesp, em entrevista para a Assessoria de Comunicação da FM-USP.

O projeto foi realizado dentro doPrograma São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT) da Faoeso em acordo de cooperação científica com a Universidade de Leiden, dos Países Baixos.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que os microplásticos estão presentes no ar de grandes metrópoles e que as pessoas inalam essas partículas ou fibras. A pesquisa da FM-USP indica que, uma vez no meio ambiente, essas partículas e fibras são muito heterogêneas e tendem a se ligar a outros poluentes presentes no ar ou mesmo vírus e bactérias, servindo como vetores. Dessa forma, existe grande potencial de os microplásticos com esses contaminantes e microrganismos agregados serem respirados pelas pessoas.

“O tema sobre microplásticos e saúde humana ainda é extremamente recente. Com os resultados, evidenciando que diferentes tipos de microplásticos chegam até o sistema respiratório humano, os pesquisadores poderão elucidar quais são os potenciais efeitos adversos desses compostos na saúde. Esse é justamente o próximo passo da nossa pesquisa na FM-USP”, comenta Lourenço.

No momento, o grupo de cientistas responsável pelo estudo já faz o acompanhamento do ar da cidade de São Paulo para mensurar o quanto dessas partículas estão presentes em ambientes externos e internos.

O artigoPresence of airborne microplastics in human lung tissue pode ser lido emwww.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304389421010888.

* Com informações da Assessoria de Comunicação da FM-USP .