A última boa notícia nas pesquisas sobre as formas de câncer vem do Instituto Ludwig, de São Paulo, que com a Fapesp, financia o Projeto Genoma Humano do Câncer no Brasil. "É a primeira vez, no país que se cria um método em computador para fazer a análise de genes possivelmente ligados a tumores", diz o pesquisador Maarten Leerkes, criador do programa, sua tese de doutorado.
Antes, as análises eram feitas pelo método tradicional, demorado e caro, em que o pesquisador pega um tumor real e o analisa no microscópio, técnica demorada e custosa. "A idéia foi diminuir o tempo, organizar a primeira análise e valorizar os dados presentes nos bancos públicos", afirma Sandro de Souza, coordenador de bioinformática do projeto Genoma Humano do Câncer e orientador de Leerkes.
Os resultados vêm bem mais rápidos. "Um pesquisador trabalha quatro anos para identificar e analisar um gene ligado a um tumor. Obtemos no mesmo tempo 500 genes. Mas precisaremos testá-los para ver se corresponde ao que ocorre no tumor real", afirma Leerke. No futuro, a identificação desses genes ajudará os médicos a prevenir e tratar pessoas com câncer.
O programa criado por Leerkes pega dados gerados pelo projeto Genoma do Câncer e os cruza com dados de outros bancos, como o Sage e o Unigene, em busca de genes com atividade fora do normal (tecnicamente chamados de superexpressos) em tumores de mama. Pela nova técnica, 154 genes superexpressos foram identificados, dos quais 28 já detectados como relacionados ao câncer de mama por outras equipes. Outros 11 identificados foram testados pelo método tradicional. Nove deram positivo.
Somando-se tudo, uma taxa de acerto de 81.8%. que poderia ser maior ainda. "O fato de o gene não estar superexpresso não quer dizer que ele não esteja relacionado ao tumor. Pode acontecer de o tumor não ter atingido ainda este estágio em que o gene está superexpresso", explica o pesquisador.
O artigo, relatando a técnica, será publicado na edição de fevereiro da revista Genomics. Mas o melhor do método de Leerkes é sua adaptabilidade. O programa será utilizado para fazer a mesma análise com tumores de próstata e de cólon. "Está ' quase pronto", afirma. A análise para outros tipos de câncer também poderá ser feita sem dificuldade. O método é o mesmo.
Notícia
Jornal do Brasil