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Gazeta Mercantil

IAC pede R$ 1,2 milhão para manter pesquisa (1 notícias)

Publicado em 11 de agosto de 2004

Por Agnaldo Brito de Campinas (SP)
O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) solicitará uma suplementação orçamentária de pelo menos RS 1,2 milhão para manter os projetos de pesquisa até o fim deste ano. A informação é do novo diretor do Instituto, Orlando Melo de Castro, pesquisador da área de solos que assumiu o comando do IAC no lugar de Cândido Ricardo Bastos. A troca de comando da mais tradicional instituição de pesquisa de São Paulo acompanha uma mudança que ocorre na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), órgão que gerência, além do IAC, os demais institutos de São Paulo, o de Zootecnia, de Economia Agrícola, de Pesca, Biológico e o de Tecnologia de Alimentos. O prazo limite para uma definição do governo de São Paulo sobre o pleito do IAC é outubro, informa o diretor. É quando experimentos importantes feitos durante o plantio de verão devem ser iniciados. Momento crítico "Este é o momento mais critico, quando temos que ter recursos para manter os experimentos", afirma Castro. O novo diretor do IAC busca amenizar o problema, mas admite que sem a suplementação orçamentária a abrangência ou o impacto dos projetos na agricultura devem ser menores. O problema afeta o tempo de duração de pesquisas que poderiam gerar novos e melhores cultivares ou reduzem a abrangência da aplicação de novas descobertas em razão das áreas testadas. O trabalho de melhoramento é o carro-chefe das pesquisas do IAC. Em 117, anos de existência, o Instituto produziu para a agricultura paulista e brasileira mais de 700 variedades de 66 espécies diferentes, o que equivale a uma média de seis cultivares novos por ano. Hoje, 612 projetos de pesquisa são tocados no IAC, uma boa parte relacionada a culturas que não dispõe de grupos de produtores organizados, como as que existem para as culturas de laranja, café, cana e amendoim, entre outras. O Instituto tem feito desenvolvimentos de culturas importantes que formam a alimentação básica da população, como feijão, arroz, hortaliças e frutas. Sem setores organizados capazes de bancar pesquisas para estas variedades, o IAC assume a função do melhoramento. Orçamento menor No primeiro semestre, o Instituto havia executado praticamente todo o orçamento do ano. O valor para o exercício era de R$ 2,331 milhões, menor que os RS 2,636 milhões utilizados em 2003. Estes recursos servem para o custeio da instituição e para bancar a chamada utilidade pública, pagamento de contas como água, luz e telefone. De acordo com o novo diretor, o IAC não terá problemas com este tipo de despesa. Também há uma preocupação grande em relação aos custos de segurança do patrimônio distribuído pelo Estado de São Paulo. "O roubo de um computador não é o problema fundamental. A questão é que o roubo de um computador pôde significar a perda de dados coletados durante anos. Esse é o maior prejuízo", afirma Castro. Além dos recursos do Tesouro, o IAC tem uma previsão de arrecadação de mais R$ 718 mil. Receita proveniente basicamente da venda de material genético (sementes) desenvolvidas pela Instituição. Esta não é uma receita muito grande, mas ajuda no custeio da Instituição. O Instituto Agronômico consegue fazer captações indiretas. Instituições de fomento como Capes, CNPq ou Fapesp bancam projetos desenvolvidos por pesquisadores do Agronômico. Isso também ocorre com instituições privadas, mas nestes casos são "recursos carimbados" que servem para o desenvolvimento exclusivo de uma pesquisa específica. Em geral, estes financiamentos bancam trabalhos para culturas comerciais de larga escala, como café, cana e citros. Segundo Castro, as dificuldades do IAC podem subsidiar discussões para a alteração do modelo criado em 2002, com a montagem da Apta. "Sem alterar o que foi feito em janeiro de 2002, acho que chegou a hora de observar o que pode ser ajustado", afirma Castro. O IAC defende o aumento da autonomia de gestão do Instituto. Novos funcionários Se o problema do custeio do IAC já requer suplementos orçamentários, a contratação de novos funcionários pode ampliar esta demanda. A contratação em si é benéfica. O Agronômico poderá recuperar áreas de pesquisa que estão com déficit de pessoal, caso do algodão, por exemplo. Boa parte dos pesquisadores do IAC deixou a instituição no período que antecedeu a reforma da previdência. O governo aprovou a contratação de 74 pesquisadores para o IAC e agora começa a chamá-los para conhecer o interesse deste grupo em ingressar no Agronômico. Hoje, a Instituição tem 154 pesquisadores, 85% doutores ou mestres.