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IAC lança duas cultivares de cana

Publicado em 18 novembro 2013

Duas novas cultivares de cana-de-açúcar do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, serão lançadas nesta terça-feira (19), no Centro de Cana da instituição, em Ribeirão Preto (SP): a IACSP97-4039 e a IACSP96-7569. “As duas cultivares são precoces, portanto, de grande interesse para a indústria sucroenergética, que tem no início e no final da safra seus momentos mais críticos em função da qualidade de matéria-prima e da produtividade, respectivamente”, diz Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador e líder do Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A explicação para o problema de qualidade, principalmente no início da safra, está associada à condição climática, que não favorece a maturação da cana.

 

De acordo com o pesquisador do IAC, a cultivar IACSP97-4039 tem perfil para mudar a história da canavicultura no início da safra em razão da precocidade, da qualidade e do longo período útil de industrialização, devendo despertar grande interesse do setor por poder ser colhida — com qualidade — do início ao final da safra, de abril a agosto, e permitindo a extensão da colheita até outubro. “Estas cultivares irão contribuir para que, a partir do final de março e início de abril, tenhamos melhor qualidade nos nossos canaviais”, afirma Landell.

 

O setor sucroenergético tem, no início da safra, problema de qualidade de matéria-prima e, no final do período, queda de produtividade agrícola. A IACSP97-4039 tem um perfil raro, que se caracteriza por ter no início da safra alto potencial de acúmulo de sacarose e por apresentar estabilidade na produtividade agrícola ao longo da safra, segundo o pesquisador do IAC Mauro Alexandre Xavier.

 

Esse alto teor de sacarose do início ao final da safra associado à alta produtividade atribui um perfil que normalmente não acontece com essa intensidade, segundo Landell. O diferenciado teor de açúcar se mantém em qualquer período da safra, inclusive no final (primavera) — são 6% a mais de sacarose — com elevada produtividade. “São dez quilos a mais de açúcar por tonelada de cana em relação à cultivar mais cultivada no Brasil”, diz Landell.

 

De acordo com o pesquisador, a IACSP97-4039 tem ampla adaptação em diversas regiões do Brasil. “Destaca-se por ir muito bem em todo o Centro-Sul do Brasil, com performance excelente para início de safra também nas regiões Centro-Oeste do País e Norte de São Paulo, em solos restritivos”, diz.

 

A IACSP96-7569 tem colheita de maio a agosto, com alta produtividade e o mesmo elevado teor de sacarose da IACSP97-4039, segundo o IAC. Com teor de fibra médio, tem ótima adaptação à região Oeste de São Paulo, nos municípios de Andradina, Araçatuba, Presidente Prudente e Adamantina, onde ocorreu a última grande expansão da canavicultura paulista.

 

Programa Cana IAC

 

As novas cultivares deverão ganhar mercado efetivo em 2014. No momento, o IAC está preparando os viveiros e programando multiplicações no núcleo de produção de mudas. Por enquanto, têm acesso aos novos materiais as associações, usinas e empresas parceiras participantes da rede experimental do IAC.

 

Com esse lançamento, o Programa Cana IAC chega a sua 21ª cultivar para o setor sucroenergético, desde sua reorganização, em 1994. Há também uma cultivar exclusiva para alimentação animal. Esses materiais foram desenvolvidos dentro do conceito de seleção regional. Essa estratégia é aplicada pelo IAC no desenvolvimento de novas cultivares e traz como vantagem a sua melhor caracterização, considerando o seu desempenho em diversos ambientes de produção. Dessa forma, os novos materiais de cana têm sido recomendados com especificidade quanto aos diferentes ambientes, com associação ao tipo de manejo agrícola e à época de corte no decorrer da safra. “Essa especificidade permite explorar e otimizar a expressão de produção das novas cultivares”, diz Landell.

 

“Os novos materiais de cana vêm se somar ao grupo da Cultivar Mil, marca alcançada este ano pelo Instituto Agronômico. A diversidade agrícola brasileira passa pelo IAC, que também contribui decisivamente na qualidade dos produtos e na produtividade e estabilidade das lavouras a cada nova cultivar disponibilizada aos setores”, afirma o diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell.

 

Segundo Landell, o estudo da estabilidade fenotípica permite sintetizar o enorme volume de informações obtido em uma rede com cerca de 600 experimentos em 11 Estados, caracterizando a capacidade produtiva, a adaptação às variações ambientais e a estabilidade de novas cultivares.

 

Chancela internacional

 

O IAC é responsável por 23,4% das variedades de cana lançadas no País na última década. Com um dos cinco programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar, em junho deste ano foi a instituição escolhida no Brasil para acolher uma coleção mundial de cana, a terceira no mundo com a chancela da International Society of Sugar Cane Technologists (ISSCT), a sociedade de maior representatividade mundial no setor sucroenergético, que reúne mais de 67 países produtores de cana. As outras duas estão na Índia e nos Estados Unidos. A instalação será aberta a todos os programas de melhoramento a partir de um modelo de consórcio de cooperação entre os mesmos.

 

O Programa Cana IAC realiza trabalho multidisciplinar envolvendo melhoramento genético, ciências do solo, caracterização de ambientes de produção, fitotecnia, manejo de pragas e doenças e estimativa de produção. O Programa conta com cerca de 150 empresas parceiras e experimentos e introduções também no exterior, em países como Angola, México e Peru.

 

O desenvolvimento de variedades de cana para produção de etanol de segunda geração é uma realidade no Programa Cana IAC há quatro anos, atendendo a um estímulo do programa BIOEN FAPESP. Desde então, O Programa Cana IAC passou a obter populações por meio de hibridação e, atualmente, os estudos estão concentrados na caracterização da fibra e da produtividade de biomassa, atingindo valores acima de 400 toneladas por hectare, ou seja, algo em torno de 2,5 vezes o que uma cultivar tradicional, com aptidão para açúcar, tem atingido.

 

Além das variedades, o IAC, com sua equipe multidisciplinar, gera também pacotes tecnológicos, que têm levado a competitividade da canavicultura paulista a outros Estados brasileiros e ao exterior. E conta com o Ambicana, responsável pela qualificação de ambientes de produção, possibilitando ao produtor realizar manejo varietal otimizado. Em uma década, esse programa alcançou área de influência em torno de 1,2 milhão de hectares em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

 

*com Assessora de Imprensa – IAC