Dar prioridade às pesquisas de maior importância para o agricultor do Estado de São Paulo, a partir de um estudo das tendências de mercado nos próximos vinte anos. Esse é o objetivo do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que completa 108 anos no próximo dia 27, com a promessa de levar adiante onze programas específicos, a serem desenvolvidos por sua equipe, hoje formada por 249 pesquisadores científicos.
Os setecentos projetos de pesquisa em andamento serão analisados, sob a orientação da Coordenadoria de Pesquisa Agropecuária (CPA) da Secretaria Estadual do Agricultura e Abastecimento. Aqueles que não estiverem em sintonia com as novas prioridades serão descartados pelo instituto. Conforme o diretor-geral substituto do IAC. Eduardo Antônio Bulisani, essa é uma tendência que já vem ocorrendo desde a administração anterior do instituto, para evitar o desperdício de recursos às pesquisas, gerado principalmente pelo desconhecimento de todos os projetos em andamento.
Um exemplo dessa "falta de comunicação interna", conforme Bulisani, são os três projetos de melhoramento de variedades de arroz, que estavam sendo desenvolvidos por grupos diferentes de pesquisadores do IAC, mas buscando resultados semelhantes. "Fundimos os três projetos em um só, tornando os resultados da pesquisa mais eficientes, com novos lançamentos de variedades de arroz para o agricultor", lembra Bulisani.
A nova visão do IAC, de acordo com o diretor, é de que o agricultor tradicional não é mais o cliente do instituto, já que, com a evolução das práticas agrícolas no Brasil, o produtor hoje é um empresário rural. Além disso, o compromisso do IAC passou a ser também dividido com a agroindústria em geral que, como os empresários rurais, cobra resultados de pesquisas mais imediatos e aplicativos às suas realidades diárias.
Para levar adiante o atual objetivo do IAC, o instituto terminará no próximo mês um projeto detalhando os onze programas prioritários para desenvolvimento (ainda não totalmente definidos), que será enviado à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para avaliação. Espera-se que a Finep aprove intregalmente tal projeto e repasse uma verba - a ser requisitada ainda pelo instituto - destinada a um programa de treinamento dos pesquisadores.
O treinamento faz parte das mudanças internas, principalmente na área administrativa. "O nosso pesquisador se habituou a uma administração altamente institucional, formada nos 108 anos de existência do IAC e agora precisa ser treinado para a nova visão", ressalta. A direção do instituto pretende contratar um grupo de professores da Universidade de São Paulo (USP), especializados em administração. Bulisani calcula que o treinamento levaria, no máximo, noventa dias para ser concluído.
Após o treinamento, será possível mudar a principal estrutura do IAC. Hoje, o Instituto é formado por cerca de cinqüenta seções, constituídas por produtos (algodão, cereais, café, cana-de-açúcar, leguminosas e fruticulturas, por exemplo) e assuntos, como conservação de solo, fertilidade, genética e botânica. Com o fim dessas seções, será adotado o sistema de pesquisa matricial, provocando o remanejamento das equipes e seus projetos para os programas prioritários.
PARCERIAS COM A AGROINDÚSTRIA
por Ana Heloísa Ferrero - de Campinas
Dos onze programas específicos, três já foram definidos pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Dois deles estão em andamento e são ligados ao desenvolvimento das culturas de citros e de cana-de-açúcar, em parceria com a iniciativa privada para agilizar os resultados dos trabalhos. O outro programa prioritário, mas ainda a ser revisto, é o de café.
"O interesse final é a qualidade do produto, com o lançamento de novos cultivares", garante o diretor-geral substituto do IAC, Eduardo Antonio Bulisani. Segundo o diretor, o programa para citros teve início em 1992, quando foi firmada a parceria com grandes empresas do setor, como a CutraIe, Citrosuco, Cargill e Citropectina, Frutopic e Montecitrus, além da associação dos produtores, e instalado o Laboratório de Biotecnologia de Citros, na estação experimental de Cordeirópolis.
No programa de cana-de-açúcar, implantado em 1993, o IAC reuniu um número maior de pesquisadores para melhorar as pesquisas desse setor. Hoje, o programa tem 28 usinas associadas para a realização de testes em todas as regiões produtoras do estado.
Notícia
Gazeta Mercantil