Recentemente a Academia Brasileira de Ciências (ABC) publicou um relatório com recomendações para o avanço da inteligência artificial no Brasil . O documento também faz um comparativo entre o cenário da tecnologia no país e outros lugares do mundo, apresentando caminhos para o uso consciente da tecnologia.
Estudiosos das mais diversas áreas estiveram envolvidos na produção do relatório. Entre os 15 especialistas, está Fabio Cozman, diretor do Centro de Inteligência Artificial da USP, que comentou sobre o tema no portal da universidade.
Brasil ocupa um bom lugar, mas ainda precisa de investimento:
O Brasil ocupa uma posição entre o 15º e o 20º lugar em produção de resultados acadêmicos em inteligência artificial.
Países como Estados Unidos, China e Índia lideram a lista, seguidos por nações europeias, Austrália e Japão, e, por fim, Turquia e Irã fazem parte do mesmo grupo que o Brasil.
Essa é uma posição interessante, segundo Cozman. O problema é que o país caiu algumas posições comparado com os anos anteriores.
Enquanto isso, nos Estados Unidos o número de doutorandos da área triplicou em dez anos.
Segundo o especialista, o Brasil precisa se preocupar em investir mais no setor, considerando o cenário global.
Mas, também, aponta que é preciso tomar alguns cuidados. Um deles é formação adequada de pessoas para utilizar as novas tecnologias. Isso é importante não só em questões técnicas, mas em relação a como a IA pode afetar as pessoas e impedir problemas mais sérios.
O Brasil tem acesso a diversos modelos de IA internacionais, mas nenhum deles é adequado para a particularidade culturais do país, como os diferentes sotaques ou os dialetos indígenas. Por isso, Cozma enfatiza que os Estados tenham capacidade de adaptar a tecnologia para o contexto do território:
É preciso um esforço para que essas ferramentas sejam adaptadas, mesmo que sejam usadas no contexto internacional, para a realidade e cultura do país
Os problemas da IA
O relatório do ABC mapeou os problemas que a inteligência artificial tem apresentado, como acesso a dados privados, decisões que podem ser tomadas sem aviso prévio e até análises médicas imprecisas. Além disso, examinou soluções usadas por outros países para essas questões e, com base nisso, propôs medidas para tentar evitar que os mesmos ocorram aqui no Brasil.
Cozman, finalizou destacando que é preciso usar a ferramenta da melhor forma para que está apoie tanto o âmbito pessoal com o profissional:
A sociedade precisa se preparar para usar essa ferramenta como uma revolução positiva
Fabio Cozman para o Jornal da USP