Pesquisadores do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) identificaram a variante do vírus HPV-18 (papilomavírus humano tipo 18) – que junto ao tipo HPV-16 é responsável por 70% dos casos de câncer de colo do útero – com maior potencial para o desenvolvimento de tumores. O trabalho dos cientistas venceu a 13ª edição do Prêmio Octavio Frias de Oliveira na categoria “Pesquisa em Oncologia”. A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e foi publicada na revista científica Viruses.
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“Analisamos as características das células com infecções persistentes pelas variantes A1 e B1 do HPV-18. Com isso, foi possível detectar o potencial de evolução de câncer em cada uma delas. Já havíamos demonstrado, em estudos anteriores, a existência de variantes mais associadas ao desenvolvimento de câncer. Apesar de todas serem amostras de HPV-18 – tipo que tem um alto risco de causar câncer –, verificamos que epidemiologicamente a variante A1 conferia mais risco que a B1”, explica a coordenadora Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Icesp, Laura Sichero, em comunicado.
Ela destaca que essa identificação é importante devido à heterogeneidade maior de variantes do HPV no Brasil, e seus diferentes potenciais de provocar doença. Apesar de ser um estudo preliminar, ela afirma que a descoberta sobre a mutação A1 pode impulsionar a busca por novas drogas no tratamento do câncer de colo de útero.
“Nosso próximo passo é verificar quais são as vias de sinalização que estão associadas com essas diferentes variantes e os hallmarks (propriedades do vírus) analisados. Com isso, talvez seja possível identificar, dentre essas vias de sinalização, uma molécula responsável por essas diferenças entre as variantes, que pode vir a ser explorada como um alvo terapêutico”, explica.