Notícia

Correio do Estado (Campo Grande, MS)

Hospital do Câncer-SP tem projeto desde 1999 (1 notícias)

Publicado em 26 de novembro de 2004

São Paulo - Ao lado do centro cirúrgico do Hospital do Câncer, em São Paulo, um médico espera que uma cirurgia ocorra. Ele fica ali, das 7 da manhã às 8 da noite - são dois, um pela manhã, outro à tarde - sem mui to o que fazer até que uma enfermeira aparece correndo com um tecido recém-extraído de um paciente na mão. Rapidamente o patologista o corta, coloca um pedaço em nitrogênio líquido e a outra no microscópio, anotando imediatamente quais as características daquele tecido com câncer. Os dados são então colocados no computador, e os tecidos encaminhados para um freezer a -140°C, tornando-se parte do banco de tumores do hospital. Hoje, esse banco iniciado em 1999 tem 8 mil tumores de mais de 100 tipos diferentes que ajudam os pesquisadores no trabalho, por exemplo, de fazer um diagnóstico precoce ou saber se um paciente vai responder ou não a um trata mento antes de começá-lo. Foi o caso do trabalho que ganhou a capa da revista Câncer Research em fevereiro deste ano. Neles, pesquisadores Hospital do Câncer e Instituto Ludwig, com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) fizeram uma análise que permitirá detectar precocemente o câncer de estômago, o segundo que mais mata no Brasil. "Temos 27 projetos em andamento", diz Luiz Fernando Lima Reis, diretor de pós-graduação do hospital e pesquisador do Ludwig. Semanalmente, Fernando Soares, diretor de patologia do hospital e responsável pelo banco, recebe 5 ou 6 pedidos de pesquisadores. "Eles querem saber se há um determinado tecido no banco", comenta Soares. Segundo ele, não há nada parecido com a iniciativa do hospital na América Latina - no mundo, existem somente 5 de porte similar. Pioneiro na montagem desse tipo de banco, o hospital começou a criá-lo quando seu presidente Ricardo Brentani decidiu que aquela deveria ser uma prioridade. "Eu era um dentista tradicional, interessado na asa da barata. Agora estou mais preocupado em como beneficiar os pacientes", diz ele, sobre um dos motivos da criação do banco.