Um experimento feito por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) investigou a relação entre o hormônio do crescimento (chamado de GH) e o desenvolvimento de ansiedade. Em testes conduzidos com camundongos, o grupo evidenciou que a população de neurônios pode ser responsável por modular a influência da proteína GH em transtornos neuropsiquiátricos, como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
O resultado deste levantamento foi publicado nesta quinta-feira (4) na revista científica norte-americana "The Journal of Neuroscience", em que os pesquisadores detalham o procedimento. Foram realizados três diferentes testes em animais do sexo masculino e feminino, e o primeiro grupo apresentou um comportamento semelhante à ansiedade e não houve redução na memória do medo, avaliaram os estudiosos.
“Os resultados do estudo não apontaram nenhuma razão para a falta de aumento do comportamento semelhante à ansiedade em camundongos fêmeas. Acreditamos que possa estar relacionado ao dimorfismo sexual. Sabemos que a região do cérebro que contém os neurônios que estudamos é um pouco diferente em homens e mulheres. Alguns distúrbios neurológicos também são diferentes em homens e mulheres, provavelmente não por acaso", disse José Donato Júnior, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da universidade (ICB-USP), à Agência Fapesp.
Segundo ele, essa descoberta pode abrir caminho para a criação de novos ansiolíticos. Essa classe de medicamentos é indicada para o tratamento e alívio de episódios de estresse, além de ajudar no sono.
"Nossa descoberta do mecanismo envolvendo os efeitos ansiolíticos do GH oferece uma explicação possível, meramente química, para esses distúrbios, sugerindo por que pacientes com mais ou menos secreção de GH são mais ou menos suscetíveis a eles", completou Donato.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é um dos países com os maiores níveis de ansiedade e depressão no mundo. No ano passado, a pesquisa Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) mostrou que um quarto da população tem diagnóstico de ansiedade, sendo a maior prevalência entre os jovens de 18 a 24 anos.
Por Wesley Santana — São Paulo