Que a fila em frente ao Fórum Social Federal Ministro Miguel Ferrante,na Rua São Joaquim, no centro - formada já de madrugada - é uma rotina, todo mundo sabe. Mas o que poucos escutam são os apelos dos velhinhos que permanecem horas em pé ou até dormem no local. Em poucas palavras, eles contam histórias de descaso e humilhação, guardadas na lembrança desde que atingiram a terceira idade.
Bastou a aposentada Teresinha de Souza Guimarães, de 65 anos, dar a sua opinião sobre a infra-estrutura dirigida ao idoso na cidade para que as lágrimas começassem a correr pelo seu rosto. "Somos pisados, massacrados, humilhados e judiados", desabafou, emocionada.
Moradora de Cangaíba, na zona leste, ela acordou às 3h de ontem e saiu de casa às 4h para pegar ônibus e metrô e chegar ao fórum às 6h, onde calcularia o reajuste de sua aposentadoria de R$ 300.
"O mais difícil é que tenho varizes e não posso ficar em pé", contou. Teresinha ainda não conseguiu juntar dinheiro para comprar a meia indicada pelo médico para auxiliar no tratamento do problema.
Em 2001, um levantamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) revelou que 38,9% dos paulistanos com mais de 60 anos apresentam problemas nas articulações e 28,1%, inchaço nos pés.
Teresinha ainda aguarda há dois anos para poder fazer uma cirurgia de catarata pelo sistema público de saúde. "Em todo lugar que eu vou, a vida é assim, essa espera danada. Até agora, nem senha me deram."
O diretor de secretaria do fórum, Sérgio Dias, admitiu que o atendimento ao idoso é um "problema grave", mas disse que o juizado itinerante na cidade ajuda a adiantar o serviço.
Notícia
Jornal da Tarde