Das mil empresas ouvidas numa pesquisa feita este ano pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Confederação Nacional da Indústria, 38% informaram que pretendem gastar, nos próximos cinco anos, entre 2% e 5% do seu faturamento líquido em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Outras 28% pretendem investir mais de 5% do faturamento líquido nesse período. Do total, 60% utilizam estritamente recursos próprios para seus projetos de P&D e 30% combinam recursos próprios com financiamentos oficiais.
A informação foi dada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas, em recente palestra feita no Instituto de Estudos Avançados da USP. Ele citou a pesquisa para mostrar a conscientização das empresas em relação à necessidade de investir em P&D, revertendo o quadro que mostra que o Brasil investe apenas 0,7% do PIB em ciência e tecnologia, sendo míseros 10% do valor atribuídos a investimentos empresariais.
As empresas poderão atingir, nos próximos três anos, 0,9% do PIB em investimentos em P&D, afirma o ministro. Ele anuncia também que a atual administração estabeleceu como meta atingir, em 1999, cerca de 1,6% do PIB aplicados em ciência e tecnologia. O detalhamento dessa meta, está na edição recém-lançada do Plano Plurianual de Ciência e Tecnologia do governo federal, que vai de 1996 a 1999.
Se as previsões são animadoras, faltou ao ministro sugerir que os órgãos, do governo invistam em pesquisa de dados. No começo da sua palestra, Vargas exibiu um gráfico do Banco Central, sobre investimentos estrangeiros ao longo do século, com dados até 1994, e uma tabela sobre exportação de bens manufaturados em comparação à exportação total de países asiáticos e latino-americanos com dados de 1953 e 1986.
Além disso, ao falar sobre os recursos humanos disponíveis, o ministro exibiu tabelas extraídas do Anuário Estatístico do IBGE de 1995: o Perfil da Pós-Graduação no Brasil com dados de 1994 e a Evolução do Sistema de Ensino Superior no Brasil, de 1937 a 1994 e Distribuição de Cursos por Área de Conhecimento de 1937 a 1989. Os números defasados certamente não ajudaram os que acompanharam a palestra na USP a ter uma real dimensão do avanço nos investimentos em pesquisa.
Notícia
Gazeta Mercantil