Nas últimas décadas, pesquisas têm mostrado como a perda de florestas tem impacto direto na diminuição do número de espécies. Agora, um grupo liderado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) demonstra que mudanças na paisagem causadas pelo desmatamento, perda de área e fragmentação florestal resultam não apenas na diminuição de espécies, mas também de suas interações ecológicas. O trabalho, publicado com destaque na capa da revista Biotropica, teve apoio da FAPESP.
“Em ecologia, sabemos muito sobre a relação espécie-área, mas pouco ou quase nada sobre a relação interações-área. Neste estudo, utilizamos redes ecológicas para desvendar como interações de dispersão de sementes respondem à perda de área e à fragmentação da paisagem. Conforme os fragmentos florestais ficam menores, perdemos interações ecológicas importantes para o funcionamento das florestas e manutenção da biodiversidade”, disse Carine Emer, primeira autora do artigo, produzido durante seu pós-doutorado no Laboratório de Biologia da Conservação (Labic) do Instituto de Biociências (IB) da Unesp, em Rio Claro.
A pesquisa integra o Projeto Temático “Consequências ecológicas da defaunação na Mata Atlântica”, coordenado por Mauro Galetti, professor do IB-Unesp. Para este trabalho, os pesquisadores compilaram dados de 16 estudos, cada um sobre um fragmento florestal diferente de Mata Atlântica, formando um gradiente de perturbação humana inferido pelo tamanho da área remanescente de cada fragmento. Foram cruzadas informações como número de espécies de aves, de plantas e de interações entre esses organismos. Os pesquisadores concluíram que, quanto menor o fragmento florestal, menor é o número de espécies e de interações que ali conseguem persistir. No estudo, a interação considerada foi a dispersão de sementes por aves frugívoras, essencial para a constante regeneração da floresta.