Erro médico na fecundação 'in vitro' deixa pais abalados e causa confusão na França
PARIS - Um erro médico sem precedentes está causando uma incrível polêmica na França. Wilma Willer, uma holandesa estéril, veio a Paris para ser fecundada artificialmente com o esperma do marido num dos hospitais especializados da capital francesa. Para sua surpresa, nove meses depois da fecundação, deu à luz gêmeos do sexo masculino: um branco e outro, mulato.
Toen e Koen poderiam ter sido trocados no berçário ou existiria um precedente de casamento interracial na família Willem? Wilma e o marido - que é de origem eslava, loiro de olhos azuis - iniciaram, perplexos, um estudo da árvore genealógica do casal já que, segundo os médicos, o resultado só poderia ser um erro da natureza. Mas, para espanto geral, os matrimônios de cinco gerações, registrados em cartórios, não indicavam nenhuma mistura de raça.
Finalmente descobriu-se que os gêmeos resultaram de um engano do laboratório, onde o esperma tinha sido congelado e centrifugado: o pequeno tubo utilizado para extrair as células da proveta, onde estava guardado o esperma, tinha servido duas vezes consecutivas sem ser esterilizado entre as duas fecundações. Em seguida, os testes de DNA (material genético) comprovaram a hipótese de que Koen é filho de outro pai, cujo esperma tinha sido congelado no mesmo laboratório, alguns minutos antes.
"Estupro" - "Perdemos a confiança nos médicos", desabafou o casal. Desesperada, Wilma afirmou que, ao dar à luz o filho de um homem que não é seu marido, teve a sensação de ter sido estuprada.
Para o casal, o maior problema será educar os gêmeos sem que fiquem traumatizados pelas circunstâncias do nascimento. "As pessoas têm reações estranhas quando saio com as crianças. São reações racistas, que até então ignorava. Estou chocada, desamparada. Estou contando minha história para a mídia, a fim de que meus filhos, quando forem maiores, entendam o que aconteceu", disse Wilma.
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Jornal do Brasil