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Histórico de atleta não interfere no prognóstico de casos graves de COVID-19, diz estudo (61 notícias)

Publicado em 26 de janeiro de 2021

Por Sanar

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que a prática regular de exercícios físicos não interfere no prognóstico de casos graves da COVID-19, apesar de pesquisas recentes relacionarem uma vida ativa à redução de hospitalização.

O novo achado sugere que um histórico de atleta não interfere na evolução da doença de casos mais graves, nem diminui tempo de internação, necessidade de ventilação mecânica ou de tratamento intensivo.

A investigação foi conduzida com 209 pacientes voluntários diagnosticados com COVID-19 grave e internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e no Hospital de Campanha do Ibirapuera, em São Paulo.

Além de dificuldade para respirar e índice de saturação de oxigênio menor do que 93%, alguns dos pacientes avaliados também tinham fatores de risco, como idade avançada, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, neoplasias, imunossupressão, tuberculose pulmonar e obesidade.

Para avaliar o histórico de exercícios físicos, os voluntários responderam um questionário com informações sobre trabalho, lazer e esporte.

Os dados, divulgados em artigo publicado na plataforma medRxiv, mostraram que a presença de fatores de risco pode ser mais determinante no prognóstico da COVID-19 do que a prática constante de exercícios físicos.

Sinal de alerta

A prática de atividade física é reconhecida por ter efeito protetor contra doenças crônicas, além de fortalecer o sistema imunológico, prevenindo, parcialmente, algumas doenças infecciosas respiratórias. Quando o quadro se agrava, no entanto, outros preditores podem influenciar no desfecho clínico.

Um dos autores do estudo, Bruno Gualano, disse para a Agência FAPESP que o estudo serve como sinal amarelo para a população que acredita estar protegida por se exercitar com regularidade. “Não encontramos diferença de prognóstico e desfecho da doença entre os pacientes graves mais ou menos ativos. Isso mostra que os benefícios da atividade física existem, mas aparentemente vão só até um ponto da gravidade da doença”, afirmou.

Há, ainda, poucos estudos que relacionam COVID-19, atividade física e sistema imunológico. No entanto, a nova pesquisa complementa investigações anteriores e pode contribuir para um maior entendimento da doença.

Divulgada recentemente, uma pesquisa online com 938 brasileiros que contraíram COVID-19 apontou que a prevalência de hospitalização pela doença foi 34,3% menor entre os voluntários considerados ativos – que realizavam pelo menos 150 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de alta intensidade.

“O nosso trabalho complementa os resultados obtidos com os casos mais leves da doença. Os estudos existentes avaliaram, principalmente, pessoas em estágios anteriores ao do nosso trabalho [em termos de progressão da doença], em que apenas a minoria dos pacientes necessitou de hospitalização” ressalta o pesquisador.

Atletas Profissionais

Gualano integra a coalização Esporte-Covid-19, formada por pesquisadores do Hospital das Clínicas, Hospital Israelita Albert Einstein, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Núcleo de Alto Rendimento Esportivo, e que tem o apoio da Federação Paulista de Futebol.

O grupo também iniciou outro estudo que pretende investigar a resposta imune e o prognóstico de COVID-19 em atletas profissionais. A pesquisa busca responder até que ponto uma vida de atividade física intensa pode influenciar nos sintomas e sequelas da doença.