SÃO PAULO - O complexo conjunto de conhecimentos acumulados ao longo do tempo a respeito da formação histórica da cidade de São Paulo - sobre a qual já se debruçaram inúmeros pesquisadores de áreas como história, arquitetura e mesmo medicina - costuma trazer à tona aspectos e problemáticas que, por sua vez, exigem novas releituras, interpretações e revisões.
Ao se deparar com essa realidade, em particular durante trabalhos de campo em sítios de ocupação colonial no planalto paulista, o historiador Rodrigo Silva percebeu ser necessário investigar os percursos culturais das narrativas - de que forma elas foram criadas, ganharam força, foram reproduzidas e se consolidaram, em diferentes momentos históricos e sob aparências diversas, como referências e guias para o estudo sobre São Paulo.
Tal investigação foi tema da dissertação de mestrado de Silva, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) sob a orientação da historiadora Cecilia Helena Lorenzini de Salles Oliveira, e resultou no livro Sobre taipas e textos, publicado com apoio da Fapesp.
"Acima de tudo é um trabalho que se propôs ser uma estrutura de suporte, uma ferramenta de trabalho, mais do que uma obra que se encerra em si", diz o autor na introdução da obra.
Para cumprir esse objetivo, Silva tematiza a escrita da história, seus fundamentos e as relações dos escritores com suas fontes, questionando em que medida o historiador não se vê induzido a reconhecer, nos registros históricos, certezas e fatos projetados pelas motivações dos agentes que os elaboraram.
A pesquisa abrange desde a segunda metade do século 18 até a primeira metade do século 19, um período, segundo o autor, ainda pouco estudado, marcado por transformações significativas tanto na cidade de São Paulo como na América Portuguesa de modo geral e cujas interpretações são variadas e complexas.
Dentro desse intervalo de tempo, o autor enxerga três movimentos: O primeiro trata dos escritores do final do século 18, o segundo explica a construção das interpretações a respeito da história de São Paulo no século 19 e a terceira situa a pluralização de contextos em que certas narrativas foram produzidas.
Ao longo dos capítulos, o leitor encontra citações e ainda anotações sobre a formação e a trajetória dos autores.
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