Pessoas com boa atividade diária e praticante de exercícios físicos ‘puxados’ podem ter ossos fraturados ou sensibilizados. Este é um dos resultados de uma pesquisa recente da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre a modalidade de exercícios que tem se tornado ‘febre’ nas academias, o Hiit (High Intensity Interval Training). Este tipo de treino tem conquistado adeptos porque é feito durante um período pequeno, demandando menos tempo de academia sob a promessa de conquistar massa magra e músculo e eliminar gordura. O Hiit consiste em fazer uma atividade com alta intensidade intercalada de pausas ou por exercícios mais leves. O ponto positivo mostrado pelo estudo é sua eficiência no objetivo comum a todos, de sedentários a praticantes de exercícios frequentes: melhorar a estrutura do corpo. Entretanto, a pesquisa mostra a baixa eficiência do treinamento quando a pessoa faz exercícios, mas tem uma rotina sedentária.
As análises foram desenvolvidas a partir de quatro grupo de roedores em circunstâncias diferentes. A tese de mestrado é de Emanuel Elias Camolese Polisel, com o apoio do Lafae (Laboratório de Fisiologia Aplicada ao Esporte) de Ciências Aplicadas da Unicamp, sob coordenação dos professores Fúlvia de Barros Manchado Gobatto e Claudio Alexandre Gobatto. Os resultados foram publicados na Scientific Reports, do grupo Natures. A pesquisa e suporte no laboratório receberam apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
“A análise de tecido ósseo foi realizada em parceria com a Universidade Federal de São Carlos. O que nos chamou bastante a atenção é que os animais treinados pelo Hiit e que viviam em gaiola ampla, com maior atividade na rotina, tiveram um impacto negativo na tenacidade óssea. Ao invés de melhora, este foi o único grupo com declínio da tenacidade, apresentando ossos mais frágeis por conta do excesso de treinamento (cinco vezes na semana). Do ponto de vista da saúde, vale o alerta para o excesso de exercícios. O indivíduo que tem compulsão por exercício com alta intensidade e muitos dias na semana pode estar se prejudicando”, relata a professora Fúlvia.
O experimento foi dividido em dois tipos de ambiente: uma gaiola grande e outra pequena. Cada ambiente teve os ratos divididos em dois grupos: um fazia os exercícios e outros não. “Observamos que os animais mantidos em lugar amplo, melhorando o nível de atividade física diária, mesmo sem ser submetidos ao Hiit, tiveram melhora na capacidade aeróbia, potencializada pelo Hiit. Vimos que, só treinar o Hiit e viver num espaço restrito, não gera benefícios para o parâmetro aeróbico. A instrução é: não adianta fazer um treino e não fazer nada durante o dia para melhorar a capacidade aeróbia.” A professora explica que o termo aeróbico é o indicador ideal para medir a saúde e o desempenho esportivo.
Cristiane Bonin