Pessoas que comem carne vermelha têm a saúde muito mais comprometida do que as que se alimentam de vegetais, aves ou peixes. A culpa é dos herbicidas - usados em excesso nas pastagens - que se acumulam na carne de boi que chega ao consumidor.
Os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Oxidologia (ABO) em vários centros urbanos do país mostraram que a quantidade de radicais livres - moléculas de oxigênio com um elétron a mais que têm grande poder de oxidação (destruição) das células do organismo - é muito maior nas pessoas que comem carne vermelha.
Até agora foram estudadas 850 pessoas, divididas em quatro grupos: o que segue uma dieta predominantemente vegetariana, o que come mais carnes brancas, o que come carnes brancas e vermelhas e o que se alimenta basicamente com carne bovina. Mas o levantamento deve continuar até o fim do ano, quando 3 mil casos serão avaliados.
Amostras - "A presença de radicais livres foi detectada nos voluntários com testes de quimioluminescência", diz o presidente da ABO e professor de bioquímica da Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio), Juarez Augusto de Oliveira. "Estudamos também 100 amostras de carne bovina, 100 de aves e 100 de peixes. Com um grama de cada amostra fizemos um extrato com o qual estimulamos células humanas (macrófagos). O número de radicais livres produzidos pelos macrófagos foi significativamente maior nas amostras de carne vermelha", descreve Juarez.
O presidente da ABO lembra que os agrotóxicos usados nos pastos podem se acumular por meses na carne bovina. "Além disso, os donos de grandes fazendas costumam tratar a verminose do gado injetando grande quantidade de herbicidas, em proporções muito maiores do que o produto usado no capim", adverte.
Segundo Juarez, os herbicidas, sobretudo os organofosforados, têm um efeito muito maléfico no organismo humano. Além da intoxicação direta que podem provocar, os agrotóxicos desencadeiam grande produção de radicais livres que destrôem o equilíbrio orgânico, provocando doenças.
"Pessoas que se alimentam basicamente de carne bovina têm mais propensão a apresentar arteriosclerose, lesões no coração, problemas no sistema nervoso central, catarata precoce, envelhecimento da pele e dores no corpo", avisa o bioquímico. "Elas vão ter uma vida média mais curta."
Frigoríficos - Isso só se aplica, segundo Juarez, para a carne de grandes frigoríficos. Nas pequenas cidades, onde as verminoses dos bois não são tratadas com herbicidas, o risco é muito menor.
"O ideal não seria parar de comer carne vermelha, mas ter uma fiscalização sanitária eficiente que controlasse o uso de agrotóxicos", comenta o presidente da ABO. "Mas como isso é pouco viável, é melhor reduzir o consumo de carne ou procurar conhecer a sua origem."
Os resultados da pesquisa feita pela ABO serão apresentados durante o Congresso Internacional de Terapêutica e Atualização em Medicina Ortomolecular, no Rio Othon Palace Hotel, de 18 a 20 de abril.
Notícia
Jornal do Brasil