Designer foi importante na consolidação da Companhia das Letras e trabalhou em diversas redações de jornais e revistas
Conhecido por trabalhar em diversas redações de jornais e revistas desde os anos 1960, Hélio foi também capista importante na primeira fase da Companhia das Letras , além de contribuir com diversas outras editoras ao longo de sua carreira. Ele foi cremado no domingo (21) no cemitério da Vila Alpina. As informações foram divulgadas por familiares e amigos nas redes sociais. “Soube, distante do Brasil, que um amigo, fundamental para a história da Companhia das Letras, faleceu", escreveu Luiz Schwarcz , editor, fundador e CEO da editora. "Hélio de Almeida, um dos grandes designers de livros e revistas, ajudou a definir, através dos tempos, parte importante da imagem da editora. Trabalhou a meu lado, literalmente, na antiga sede da Companhia, num sobrado do Pacaembu. O conheci, se não me falha a mémoria, quando, me achando muito ousado, procurei o famoso artista gráfico — que diagramava e fazia as capas de revista IstoÉ dos áureos tempos — para realizar o design das obras de Rubem Fonseca, recém contratadas por nós. Depois disso desenvolvemos uma parceria e amizade significativas. Hélio, torcedor da Portuguesa, como meu pai, jogava bola comigo toda semana. Era um beque eficaz, mas com toques delicados, como a sua arte. Sinto muito ter estado afastado dele por um bom tempo e saber de sua morte tão precoce. Meu abraço à Laura e a toda família de um ser humano gentil como poucos".
De acordo com a Revista Pesquisa FAPESP – onde Almeida foi diretor de arte entre 1999 e 2006 – ele era paulistano, filho de portugueses. Antes dos trabalhos na imprensa, enveredou pela publicidade e pelas artes plásticas até começar a trabalhar no departamento de arte do jornal Folha de S. Paulo, em 1963. “Apresentado às regras de um jornalismo ágil, encarregou-se de transpô-las para o universo gráfico do jornal”, escreveu o designer gráfico Norberto Gaudêncio Júnior, hoje professor do Mackenzie. O texto é parte do livro Hélio de Almeida: Artista gráfico (Ipsis), lançado em 2008, que reuniu seus trabalhos mais significativos feitos até aquele momento.
Em 1968 foi convidado a integrar a equipe da revista Veja , da editora Abril, onde ficou até 1973. Alguns anos depois fez parte da criação da revista IstoÉ , projeto do qual se orgulhava pela grande liberdade criativa. Em meados dos anos 1980, voltou à editora Abril, e na segunda metade da década foi contratado como diretor de Arte da editora Globo, onde trabalhou com os títulos Globo Rural, Moda Brasil e foi o responsável gráfico dos livros lançados de 1986 a 1989. Paralelamente ao trabalho nas editoras, fez cartazes de peças teatrais como Macunaíma (1978) e Xica da Silva (1988), de numerosas exposições e coletivas de artistas plásticos e criou logos e projetos para instituições e empresas.
A partir de 1989, começou a fazer projetos e capas para a jovem editora Companhia das Letras, fundada por Luiz Schwarcz em 1986. Entre os seus diversos trabalhos marcantes para a editora, estão capas de livros de Ruy Castro, Fernando Morais, Oliver Sacks e muitos outros.
Hélio de Almeida deixa a mulher, a ilustradora de livros infantis e artista plástica Laurabeatriz, e os filhos Maria Rosa, Thereza, Manu Maltez e Joaquim e seis netos, além das irmãs Vera e Marli.