O último dia 29 de março foi histórico para a Academia Brasileira de Ciências (ABC), responsável por defender a produção científica no país desde 1916. Isso porque foi eleita a primeira mulher a presidir a instituição em seus 105 existências. A escolhida é a biomédica paulistana Helena Nader , de 70 anos.
Professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Nader é dona de um extenso currículo acadêmico e profissional , e ao longo de toda a sua trajetória esteve apoiando o avanço da ciência e da educação brasileiras. Reconhecida internacionalmente por seus estudos na área da saúde , ela chegou a ser homenageada em 2020 ao se tornar uma das agracidas do 1º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher. A seguir, conheça sua história e contribuições para a ciência brasileira .
Formação acadêmica e profissional
Natural da cidade de São Paulo , Helena Nader tem dupla graduação em ciências biomédicas, concluída em 1970 na Unifesp, e biologia, formada na Universidade de São Paulo (USP) em 1971.
Em 1974, a biomédica concluiu um doutorado em ciências biológicas e, em 1977, completou seu pós-doutorado na mesma área pela Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos. Ao voltar ao Brasil, atuou em diversos laboratórios, conquistando o cargo de professora titular da Unifesp em 1989, onde trabalha até hoje. Em 2022, ela recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ).
Sua vida acadêmica é dedicada a pesquisas sobre glicoquímica e glicobiologia e sobre as funções biológicas dos proteoglicanos heparina e heparam sulfato.
Atualmente, Nader também é membro de outras duas academias científicas: a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês). Ela foi presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) no biênio 2009-2010 e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), de 2011 a 2017. Atualmente integra o Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Prêmios e contribuições
Algo que não poderia passar em branco na trajetória da Nader são as honrarias e premiações que a cientista já recebeu por sua contribuição para a ciência e para o mundo acadêmico brasileiro . Com 14 prêmios no currículo, pode-se destacar os mais recentes: foram recebidos em 2020 o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, da Marinha do Brasil e Fundação Conrado Wessell, e o Prêmio Carolina Bori – Ciência & Mulher, na Categoria Mulheres Cientistas, da SBPC.
Ao longo de sua carreira, a bióloga e biomédica sempre teve um posicionamento claro ao defender a ciência, tecnologia e, principalmente, a inovação na educação brasileira . “O jovem é ávido por conhecimento e ele não impõe limitações a si mesmo — quem faz isso é a sociedade. Nós oferecemos uma escola que convida a raciocinar e a pensar? Oferecemos uma escola que motiva? Temos que fazer isso”, opina em uma entrevista concedida à GALILEU em fevereiro de 2020 , quando ganhou o 1º Prêmio Carolina Bori.
A biomédica também defende que a ciência devem ser ensinada igualmente para todos, independente do gênero . “Precisamos de mulheres matemáticas, engenheiras, filósofas, historiadoras etc. Só podemos progredir como país e como indivíduos se conhecermos o nosso passado e planejarmos o futuro”, declarou na ocasião. “As humanidades, assim como as áreas de matemática, engenharia e tecnologia, são muito relevantes. E mesmo que haja muitas mulheres nessa área da ciência, ainda não são em número suficiente nos cargos e posições mais altas”, concluiu Nader, que deve tomar posse da presidência da ABC no mês de maio.