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HC de Botucatu realiza procedimento inédito para câncer no fígado (70 notícias)

Publicado em 13 de novembro de 2019

Equipe do HC de Botucatu responsável pelo procedimento inédito para tratamento de câncer no fígado

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu fez de um procedimento inédito no Sistema Único de Saúde (SUS): radioembolização, técnica que utiliza radiação para o tratamento de tumores e metástases hepáticas. O procedimento não é considerado curativo, mas pode causar uma redução considerável do tamanho do tumor, evitando que ele cause mais danos ao paciente portador desta condição patológica.

A realização deste tratamento de alta complexidade foi possível devido a um projeto de pesquisa do médico da unidade e docente da disciplina de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp), Fernando Gomes Romeiro. A pesquisa é intitulada “Resposta objetiva tumoral, perfil de segurança e taxas de sobrevida de pacientes com cirrose e carcinoma hepatocelular de estadiamento intermediário submetidos à Radioembolização com 131I-Lipiodol versus Quimioembolização arterial”.

Por ser um projeto de pesquisa, o tratamento ainda não pode ser oferecido a todos os pacientes portadores de tumores hepáticos. O procedimento foi realizado no hospital em um paciente do sexo masculino de 75 anos, que se encaixava nos critérios de inclusão do estudo.

Segundo Romeiro, o tratamento teve uma resposta excelente, com redução de quase 80% do tumor. “O tratamento anterior foi feito por um procedimento semelhante, sendo utilizado um quimioterápico no lugar do material radioativo. Porém, não houve redução do tumor: era como se não tivesse recebido nenhum tratamento. Desta vez, com a Radioembolização, foi possível reduzir grande parte do volume tumoral”, explica ele.

O projeto foi aprovado e apoiado financeiramente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“É importante ressaltar que, apesar de ser uma grande satisfação realizar este tratamento no SUS, ele ainda não está disponível no sistema público, já que conta com o apoio financeiro da Fapesp e CNPq. De qualquer forma, é um avanço e continuaremos trabalhando para oferecer esta alternativa aos pacientes”, afirma Romeiro.

Radiação e tratamento

O paciente ficou internado por três dias até que a radioatividade baixasse a níveis seguros, e a seguir, foi liberado para voltar para casa. Considerado um tratamento de última geração, a Radioembolização nunca foi realizada no SUS por envolver alto custo e exigir muita capacitação. No Brasil, apenas o Hospital Sírio Libanês utiliza esta técnica inovadora no combate ao câncer hepático.

O uso de radiação em tratamentos para a destruição de tecidos humanos é polêmico por muitos motivos, entre eles o desconhecimento sobre o procedimento.

Segundo a docente da disciplina de Medicina Nuclear da FMB/Unesp, Sônia Moriguchi, existe um estigma em relação ao uso da energia nuclear. “Toda vez que ouvimos sobre radiação nuclear, relacionamos o assunto a grandes catástrofes, como a Segunda Guerra Mundial, Chernobyl e recentemente em Fukushima. Nesses casos, a quantidade de radiação é bilhões de vezes maior da utilizada na área médica”, afirma.

“Mesmo sem ver a radiação, podemos medir exatamente os níveis da radioatividade e saber se a pessoa deve ficar em local próprio e evitar o contato com outras pessoas ou se já está pronta para voltar para casa”, complementa Moriguchi.