O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai receber em até 15 dias cinco novos medicamentos biológicos de alto custo para o tratamento de artrite reumatoide. Atualmente, três medicações são usadas no Centro de Infusão de Medicamentos Biológicos (Cedmac) para o tratamento de cerca de 300 pacientes com a doença. A ampliação para oito medicamentos foi feita pelo Ministério da Saúde (MS) por meio de portaria publicada em junho. As medicações chegam a custar até R$ 5 mil por mês e, atualmente, muitos pacientes só conseguem fazer o tratamento recorrendo à Justiça.
Doença não tem cura, mas o tratamento controla a sua evolução
A artrite reumatoide não tem cura, mas existem diversos tipos de tratamento que conseguem controlar a doença e sua evolução, segundo o coordenador do Cedmac e chefe da disciplina de reumatologia da Faculdade de Medicina da Unicamp, Manoel Bertolo. Um grande número de pacientes é controlado com medicamentos simples, de baixo custo, que são modificadores do curso da doença e amplamente utilizados. O tratamento pode custar de R$ 50,00 a R$ 400,00 por mês, mas as medicações também são fornecidas pela farmácia de alto custo. Em muitos casos, os pacientes não respondem bem à medicação e precisam recorrer ao tratamento com biológicos, medicamentos de alta tecnologia, que pode custar até R$ 5 mil por mês.
O tratamento com biológicos, no entanto, estava restrito a três tipos de medicações: adalimumabe, etanercepte e infliximabe. Foram incorporados pela portaria os biológicos abatacepte, certolizumabe pegol, golimumabe, tocilizumabe e retuximabe. A medicação adequada modifica o curso da doença porque interrompe o processo inflamatório e diminui a dor. “O paciente consegue voltar a ter vida social e também laboral. Evita risco das deformidades ocorrerem e de ficar acamado.” De acordo com Bertolo, as secretarias estão recebendo as solicitações dos centros que fazem o tratamento de infusão e os medicamentos devem estar disponíveis em até 10 ou 15 dias.
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune, que ataca as articulações, levando a dor, aumento de volume, evoluindo para deformidades articulares e posteriormente a incapacidade funcional.
A doença progressiva e crônica vai atingindo e somando as articulações. “Tem predileção por mãos, punhos e pés, mas também afeta o joelho, quadril, ombro e coluna. É uma doença de difícil controle”, explicou Bertolo. A estimativa é de que 30 milhões de brasileiros sofram de doenças reumáticas, dos quais 10% têm artrite reumatoide.
Centro de Infusão atende pacientes de todo o Brasil
Criado há dois anos, o Centro de Infusão de Medicamentos Biológicos (Cedmac) da Unicamp é um dos cinco que existem no Estado. O projeto assistencial e de pesquisa, financiado pela Secretaria de Estado da Saúde e pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp), já é referência e atende pacientes da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e de outros estados.
Gracilene Nascimento mudou-se do Estado do Amazonas para Campinas com o objetivo de realizar o tratamento da filha, I.N., de 6 anos. A garota recebeu o diagnóstico de artrite reumatoide juvenil aos 2 anos. “Ela tinha febre, dores nas articulações, manchas no corpo”, contou. Com o diagnóstico, I.N. iniciou com medicação oral, mas não teve resposta. A filha passou um ano sem andar por causa das dores. “Ela também usou vários biológicos e não teve resposta, mas em 15 dias que mudou de medicação, já está até correndo. O resultado foi milagroso”, afirmou. A medicação da filha, Gracilene conseguiu por via judicial. “A expectativa é de que na próxima infusão já esteja disponível”, disse. Márcia Honório e Maria José dos Santos fazem o tratamento contra a artrite reumatoide no Cedmac e estão conseguindo controlar a evolução da doença. “Chegou época em que eu não conseguia andar por causa das dores. Entrei em depressão. Graças a Deus estou tendo resultados agora”, afirmou Márcia, moradora de Americana. Maria José faz tratamento na Unicamp há 28 anos. “Passei por muitos processos dolorosos, mas aqui me ajudaram a não desistir do tratamento. Atualmente, a minha qualidade de vida é outra. Estou tendo uma vida normal”, afirmou a campineira.
Além do tratamento da doença, realizado no centro, os dados são Informatizados para pesquisa, o que pode trazer avanços no futuro. Cerca de 300 pacientes são atendidos no Cedmac e fazem tratamentos com diversos tipos de biológicos. A maioria tem artrite reumática.
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
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