O Embarcados esta participando da realização do Hackathon Agrifutura promovido pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo. Neste desafio os participantes são chamados a resolver desafios em 4 áreas diferentes relacionados a agricultura.
1) Controle de pragas e doenças
2) Clima
3) Comercialização
4) Extensão rural
Os inscritos deverão ter conhecimento e/ou experiência em ao menos uma das áreas a seguir:
A) programação e desenvolvimento de software; ou
B) design gráfico/digital; ou
C) agronomia; ou
D) veterinária; ou
E) zootecnia; ou
F) Engenharias; ou
G) administração ou gestão de projetos
A inscrição é obrigatória e será feita uma seleção dos candidatos. O resultado será enviado por email. Os grupos serão formados no local do Hackathon.
Os trabalhos serão analisados conforme
- Coerência com o tema escolhido;
- Originalidade;
- Impacto;
- Execução.
Aos melhores projetos, selecionados por um comitê de jurados, serão oferecidos:
1º LUGAR – SmartTV 40 Polegadas
2º LUGAR – SmartPhone
3º LUGAR – Fone de Ouvido Bluetooth
O Hackathon será realizado nos dias 3 e 4 de março no Instituto Biológico de São Paulo, Av. Conselheiro Rodrigues Alves 1252, São Paulo-SP. Inscreva-se no link a seguir, mas corre porque as vagas estão esgotando.
Para conferir o regulamento completo, acesse o link.
Confira abaixo mais informações sobe os temas escolhidos pro Hackathon Agrifutura.
Sobre os Temas do Hackathon Agrifutura
1) CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS
Pragas (insetos e ácaros) atacam as plantas em produção ou os produtos já colhidos causando prejuízo para o produtor pois o valor de produção fica maior por causa da diminuição da produtividade (causada pela sua incidência). Isto é, o custo médio de produção aumenta. Além disso, insetos podem servir de vetores que transmitem agentes de doenças como bactérias ou vírus que também causam diminuição da produtividade e aumento do custo médio de produção. Alguns exemplos de doenças que podemos destacar são a ferrugem amarela, a ferrugem asiática da soja, ferrugem do café. Exemplo de pragas são o bicudo e os fenófilos, que atingem a cana-de-açúcar. No eucalipto, um parasita importante a se destacar é o percevejo bronzeado. Na seringueira, uma praga importante é o nematoide, que ataca as raízes das plantas em crescimento diminuindo sua produtividade e sua vida útil. O controle das doenças e pragas deve ser feito a partir do início da lavoura, ou seja, buscando-se realizar o plantio de mudas ou sementes sadias, ou a aplicação de agroquímicos que agem no sentido de prevenir e/ou de proteger as plantas quando se atinge um nível mínimo populacional de ataque do agente (que aciona um alerta de tratamento). Na produção animal, carrapatos são ácaros que atacam o gado de leite e de corte, a pasto, transmitindo doenças e comprometendo a produção de leite e carne, fazendo com que os produtores percam dinheiro com a diminuição da produtividade de seu rebanho.
2) EXTENSÃO RURAL
Na população de produtores rurais inovadores, que aceitam mais o risco para adotar tecnologias mais produtivas, são relativamente poucos (uns 2,5%). A seguir vem os produtores que mais aversos a riscos que os produtores que precisam ver a tecnologia já adotada (pelos inovadores) antes de adotá-la (são os “early adopters”, cerca de 13,5% da população). Depois vem a maioria inicial, cerca de 34%. Os 50% restantes são os retardatários na adoção de tecnologia. O extensionista rural facilita a adoção de novas tecnologias do campo aumentando a rapidez de adoção da inovação pelos produtores. Além de fornecer assistência técnica na adoção da tecnologia, o extensionista interage com as instituições da sociedade, como bancos, órgãos governamentais de saúde, ambiente e tributários, CEAGESP, ajudando o homem do campo, geralmente despreparado, a resolver seus problemas com essas instituições. O papel do Extensionista é o de ajudar o produtor a tomar decisão de adoção das tecnologias inovadoras. Ele utiliza diversas ferramentas de assistência técnica e extensão rural para ensinar e aplicar inovação no dia a dia do homem do campo e é fundamental para o desenvolvimento econômico de diferentes regiões. Basicamente, o extensionista ajuda o produtor a superar os riscos da adoção de tecnologias inovadoras, apoiando suas tomadas de decisão. Segundo estudo da Fapesp publicado em 2016, para cada R$ 1 investido em recursos públicos em pesquisa, educação superior e transferência de conhecimento (extensão rural) na agropecuária paulista há um retorno de R$ 10 a R$ 12 para a economia do Estado como um todo – traduzido em aumento do faturamento do setor –, ou em uma contribuição de R$ 5 para o Produto Interno Bruto (PIB) agrícola de São Paulo. (Para mais informações, ver Tipologia dos Adotadores de Inovações, de Everett M. Rogers, no GLOSSÁRIO).
3) CLIMA
Um dos desafios propostos no Hackathon do Agrifutura é o do clima, isto é, da tomada de decisão sobre adoção de técnicas de produção e comercialização que permitam superar problemas relacionados ao clima. Exemplos destas técnicas são: utilização de plantio protegido com estufas e sistemas de irrigação inteligentes, baseados em sensores, visando aumentar a produtividade, diminuir custos unitários médios e aumentar a qualidade do produto (e, portanto, seu preço de venda), antecipação de safras (e, portanto, obtenção de melhores preços). Sistemas especialistas podem conectar o controle de fatores ligados ao clima (temperatura, umidade relativa do ar, umidade do solo) com decisões sobre época de plantio, época de colheita, utilização de variedades e raças adequadas e técnicas de controle de pragas e doenças.
Se aumentarmos a produtividade e a qualidade dos produtos é possível aumentar as áreas de produção de frutas, legumes e verduras, se forem aproveitadas as vantagens competitivas edafoclimáticas relacionadas à precocidade de colheitas, em relação a outras regiões brasileiras e do Hemisfério Sul, além de sua ocorrência no período da entressafra do Hemisfério Norte. Se mapearmos os produtos e os locais e as épocas em que eles são produzidos e consumidos pelo planeta, é possível mostrar ao produtor qual produto, qual variedade, qual época e qual sistema de produção têm o melhor valor estratégico de produção (dado pela maximização de receita líquida e pela minimização de risco de produção).
Pode ser construído um sistema que mostra um algoritmo de como está o grau de gestão da propriedade. Esse sistema pode tomar como base um algoritmo de como produzir corretamente desde a tomada de decisão inicial, como por exemplo o MIGG-Café (IAC-SAA / Feagri-Unicamp).
4) COMERCIALIZAÇÃO
No ciclo de comercialização dos produtos utilizados como alimentos, diversos processos demandam melhoria, desde a inspeção da qualidade do produto até o controle da colheita. Entre estes processos está a padronização dos produtos. Na produção de frutas, legumes e verduras, e hortaliças de maneira geral, o formato uniforme do produto é muito importante para que se obtenha mais valor percebido de determinado produto, em determinada safra: qualquer mancha, lesão ou malformação dos produtos faz com que esse produto perca valor potencial no mercado. Ocorre que frutas, legumes e verduras são comidos crus e isto leva os consumidores a exigirem mais qualidade visual. Ocorre que seres humanos percebem a uniformização dos produtos como um valor. Nossa percepção gosta de produtos uniformes, por esta razão a padronização imediatamente agrega valor ao produto. O simples ato de separar os produtos hortifrutigranjeiros pela forma, tamanho, peso, cor agrega valor. A Associação de Supermercados do Brasil elaborou um software com o objetivo de diminuir a cadeia de intermediários, levando o produto já padronizado e uniformemente embalado diretamente do produtor ao consumidor. Isso pode causar um sério problema, pois pode descolar o consumidor do mundo real, ao separar o valor real do valor percebido.
Com relação à informação sobre preços, embora existam diversos organizações, governamentais e não governamentais, fornecendo preços sobre produtos, há uma carência de consolidação das informações sobre preços e qualidade dos produtos das cadeias de frutas, legumes e verduras. As informações estão pulverizadas em diversos sítios da internet, o que dificulta a tomada de decisão informada por parte dos produtores, fazendo com que a cadeia de frutas, legumes e verduras, como um todo, tenha dificuldade de aproveitar suas vantagens competitivas em termos de capital natural (solo e clima especialmente) e capital humano (conhecimento, habilidade e atitude empreendedora). Daí as cadeias de produção brasileiras terem dificuldade para competir, em termos mundiais, com as cadeias de valor mais organizadas e mais experientes, dos países avançados. Esta dificuldade de crescimento acaba resultando numa taxa de crescimento do desenvolvimento social e econômico do estado e da nação menor que a permitida pela disponibilidade dos capitais. (ver GLOSSÁRIO para a definição de Capitais e Desenvolvimento Social e Econômico)
GLOSSÁRIO
CAPITAL HUMANO é o conjunto de características de saúde (física e mental), conhecimento e habilidades e atitude das pessoas que constituem as comunidades e as organizações da nação. Este enfoque mais amplo trata o Capital Humano como um conjunto das características do indivíduo - saúde, conhecimento (explícito e implícito), habilidades e atitude – que permitem a ele tomar decisões que levem à produção de valor não apenas para ele e para a sociedade em que se insere. Fomentar o Capital Humano busca desenvolver saúde, conhecimento, habilidades e atitude das pessoas envolvidas no sistema social. O desenvolvimento do conhecimento implícito é realizado na prática, através das gerações, pela educação familiar e comunitária informal. O conhecimento explícito é transferido pelo sistema de ensino formal. Capital humano e capital social são conceitos de mais difícil assimilação, não por acaso fortemente interligados.
CAPITAL SOCIAL é um dos fatores necessários para a produção de qualidade de vida na sociedade, sendo tão necessário para a atividade econômica como as outras formas de capital. Embora de mais difícil compreensão, o capital social é tão ou mais importante quantos os outros capitais. O capital social explicita o valor implícito nas conexões internas e externas das redes sociais criadas pelas pessoas dentro do sistema social, não apenas para realizar as atividades de produção e de distribuição de bens de valor econômico, mas também os bens culturais sociais (cuja mensuração de valor é mais difícil). Capital Social é o comportamento que emerge da utilização das normas que promovem confiança e reciprocidade por meio das interações entre as partes do sistema social ou sociedade. Os principais constituintes do capital social são: a) as relações de confiança entre as pessoas, b) o civismo, o respeito às normas sociais, c) e a capacidade de trabalho em equipe. Segundo Robert Putnam, a confiança surge de duas fontes: regras de reciprocidade e sistemas de participação cívica. Assim, aumentar o Capital Social significa desenvolver confiança, civismo e capacidade de trabalhar em equipe das pessoas envolvidas. Quanto mais confiança as pessoas depositam umas nas outras, maior é o capital social de uma comunidade ou da sociedade. Quanto mais uma pessoa confia em que as outras pessoas ou organizações com quem interagem farão o que dela se espera - retribuindo o que ela realizou ou que está realizando - mais se abrem atitudes de aproveitamento das oportunidades para outras realizações, dentro da sociedade, por parte dessa pessoa e/ou de todas as outras pessoas.
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO. A sociedade fica mais eficiente quando a maior parte possível de seus membros alocam melhor seus recursos de capital (incluindo seu Capital Humano, seu Capital Natural, Capital Físico e Capital Financeiro). A busca de desenvolvimento econômico se baseia no aumento da eficiência social dos cidadãos, enquanto produtores e consumidores de bens e serviços e pagadores de impostos, de maneira a aumentar o capital social da sociedade. [1] O Capital Social se ligado ao “problema político”, isto é, à forma como o poder é exercido dentro da sociedade, principalmente através do problema da corrupção política. Para as pessoas realizarem empreendimentos que visem à produção de bens econômicos, para trabalharem e pagarem de maneira correta seus impostos e taxas, é essencial que tenham confiança em que as pessoas que governam o país não serão desonestas e não irão buscar extrair riqueza social de maneira ilegal, criminosa ou antiética, através da implantação de processos de corrupção como cobrança de propinas, desvios criminosos de dinheiro através de compras superfaturadas, manipulação criminosa da economia de empresas públicas etc. Ocorre que os valores desviados pelos corruptos são necessariamente imprescindíveis para o desenvolvimento social e econômico da nação. Em função do seu custo de oportunidade, os valores retirados do orçamento dos três níveis de governo e das empresas públicas fazem falta aos sistemas de saúde (necessárias à saúde e à longevidade das pessoas), aos sistemas de educação (fundamental, média, técnica e superior) que realizam produção e transferência de conhecimento e permitem o desenvolvimento de habilidades e das atitudes das pessoas e, assim, fazem emergir o desenvolvimento social e econômico da nação.
[1] D’ARAÚJO, Maria Celina. Capital Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.