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UFRJ - Faculdade de Letras

Há um tempo atrás ninguém falava de retratação…

Publicado em 13 abril 2020

Se nos habituamos ao mundo acadêmico que tem como lema publish or perish, há um outro lado nesse mundo para o qual Diniz & Terra (2014: 117) chamaram a atenção: “Nada mais constrangedor para o currículo de um pesquisador que ter uma coleção de artigos retratados“. Uma publicação retratada compromete o currículo de seu(s) autor(es), como comentamos anteriormente (Rosa, 2018: 63ss; neste blogue: Posso citar um trabalho que foi retratado? Parte 1;Posso citar um trabalho que foi retratado? – Parte 2 ).

Mas ninguém falava de retratação há um tempo atrás!

O número de retratações é bem maior agora que há 15 ou 20 anos, por exemplo: até o ano 2000 eram em média 100 ao ano (Brainard & You, 2018); mas em 2010 foram 5.190, em 2011, chegaram a 3.149. Desde então parece haver uma tendência de queda nesse número: em média em torno de 1.200 retratações de 2013 a 2018, com leves decréscimos e algumas oscilações, e uma grande queda, para 462, em 2019 (Retraction Watch Database). Essa curva se reflete na área da Linguística, por exemplo: uma consulta a essa mesma base retorna um caso em 1996, outro em 2007, três em 2009; para 2010 e 2011 retorna, respectivamente, 27 e 9. A partir de então parece haver uma tendência de queda, havendo em 2019 apenas um caso.

A subida em 2010 se segue ao lançamento pelo COPE/ Committee on Publication Ethics, no ano anterior, de um guia para os editores de periódicos científicos de como lidar com as retratações. A versão atual, de 2019, do Retraction Guidelines pode ser baixada de https://publicationethics.org/files/retraction-guidelines.pdf.

A difusão de softwares para a detecção de plágio e para a detecção de manipulação de imagens são agora instrumentos para editores científicos. Por outro lado, autores de manuscritos a serem submetidos a um periódico têm mais consciência de diretrizes a serem seguidas no trabalho científico, uma vez que universidades e agências de fomento no país têm divulgado uma série de documentos a esse respeito. Alguns deles:

as Diretrizes sobre integridade acadêmica da UFRJ/Universidade Federal do Rio de Janeiro: https://www.if.ufrj.br/~pef/regulamentos/DiretrizesIntegridadeAcademica-UFRJ-2015.pdf a cartilha sobre plágio da UFF/ Universidade Federal Fluminense: http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf a coleção Integridade na pesquisa, da PUC-RS: https://editora.pucrs.br/Ebooks/Web/integridadenapesquisa/index.html , em que ressaltamos o trabalho de Lívia Haygert Pithan A Autoria nas Pesquisas de Iniciação Científica as Diretrizes sobre Ética e Integridade na Prática Científica do CNPq: http://cnpq.br/documents/10157/a8927840-2b8f-43b9-8962-5a2ccfa74dda as orientações da CAPES de combate ao plágio: http://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/OrientacoesCapes_CombateAoPlagio.pdf o Código de boas práticas científicas da FAPESP: http://www.fapesp.br/boaspraticas/codigo_050911.pdf o Código Europeu de Conduta para a Integridade da Investigação da ALLEA/ ALL European Academies: https://www.allea.org/wp-content/uploads/2018/11/ALLEA-European-Code-of-Conduct-for-Research-Integrity-2017-Digital_PT.pdf

DINIZ, Débora & TERRA, Ana. 2014. Plágio: palavras escondidas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.