Com 51 indivíduos identificados por armadilhas fotográficas, trabalho é pioneiro na América Latina e alia educação ambiental e pesquisa científica.
Pioneiro na América Latina, um projeto foi criado para educar e envolver a população paulista na conservação da onça-pintada, além de servir como uma ferramenta para pesquisadores e entidades ao fornecer dados sobre o felino no estado de São Paulo.
Esse projeto é o Guia de Identificação de Onças-pintadas do Estado de São Paulo , resultado de uma parceria entre Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Fundação Florestal (MonitoraBioSP), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
“Pensamos em impactar a conscientização e a preservação dessas majestosas criaturas. Com narrativas detalhadas sobre 51 indivíduos capturados por armadilhas fotográficas, o guia sensibiliza o público ao revelar a vida íntima e os desafios enfrentados por esses felinos na Mata Atlântica”, explica Andréa Pires, coordenadora do MonitoraBioSP/FF e uma das autoras da publicação.
“Ao fomentar a responsabilidade ambiental e incentivar práticas sustentáveis, o guia de onças-pintadas desempenha um papel crucial na proteção delas e na manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica”, completa a pesquisadora.
Fêmea Sete Pês registrada em outubro de 2008 — Foto: Guia de identificação das Onças-Pintadas do Estado de São Paulo
Em seu conteúdo, o guia inicia com uma descrição detalhada de cada onça-pintada ( Panthera onca ), destacando sua importância ecológica como predador de topo e sua distribuição geográfica, com foco na presença da espécie no estado de São Paulo.
“Cada registro é descrito com sensibilidade e detalhes, proporcionando um vislumbre íntimo da vida desses felinos majestosos. As histórias destacam comportamentos, territórios e características únicas de cada onça, enfatizando a importância da conservação e a conexão profunda entre esses animais e seu habitat natural”, conta Andréa Pires.
Segundo o material, cada animal tem um conjunto de manchas ou pintas que são únicas , funcionando como a impressão digital de cada indivíduo. Nele, também estão detalhadas informações como o mapeamento das rosetas de cada uma dessas onças.
George foi o macho mais registrado no PEI e no Petar de 2009 a 2011 — Foto: Guia de identificação das Onças-Pintadas do Estado de São Paulo
Um dos objetivos mais importantes da publicação é desmitificar a onça-pintada e integrá-la ao cotidiano das pessoas algo que, para os pesquisadores envolvidos no projeto, é urgente para a conservação dessa espécie emblemática.
“Durante muito tempo, a onça-pintada foi vista com medo e mistério, associada a perigos e ameaças. No entanto, para garantir sua preservação, é crucial mudar essa percepção e promover uma coexistência harmoniosa entre humanos e onças. Ao desmistificar a onça-pintada, educamos a população sobre sua importância ecológica e comportamental”, informa a pesquisadora.
Segundo Andréa, a onça-pintada da Mata Atlântica não é apenas um tema, ela é uma musa, uma fonte inesgotável de inspiração e reflexão . Para ela, foram esses fatores que inspiraram a criação do guia.
“Quando um autor escolhe escrever sobre a onça-pintada, ele está se conectando a uma história milenar, rica em sabedoria e mistérios. Escrever sobre ela é um ato de amor e de resistência, um tributo a uma majestade escondida que, apesar de todas as adversidades, continua a reinar no coração da floresta”, explica ela.
*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle