Em 29 de outubro é comemorado o Dia Internacional da Onça Pintada. Em celebração a essa data, foi realizado o lançamento do “Guia de Identificação de Onças-pintadas do Estado de São Paulo”, publicação realizada pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) em conjunto com a Fundação Florestal (FF), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O evento aconteceu na sede da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), na capital paulista.
O Guia traz os perfis de cada onça-pintada (Panthera onca) fotografada no âmbito do Programa de Monitoramento da Biodiversidade (Monitora BIOSP), da FF, IPA e Semil. Cada animal tem um conjunto de manchas ou pintas que são únicas, funcionando como a impressão digital de cada indivíduo. Entre outras informações, o material apresenta o mapeamento das rosetas de cada uma dessas onças. E ao ler o Guia, temos a impressão de que passamos a conhecer cada uma delas.
A pesquisadora científica do IPA Andrea Pires é coordenadora do subprograma de mamíferos terrestres de médio e grande porte do Monitora BIOSP e uma das autoras da publicação. Ela explica parte do processo que subsidiou a produção da cartilha. “Temos 400 armadilhas fotográficas espalhadas por várias Unidades de Conservação paulistas e com elas fazemos registros de animais de pequeno, médio e grande porte”, relata. Andrea ressalta que trata-se do primeiro guia para o estado, com as onças que foram identificadas desde 2006, inicialmente no projeto “As Onças-Pintadas do Contínuo de Paranapiacaba: Identificação Individual, Estimativa Populacional e Apropriação pela Sociedade”, do ICMBio, até as mais recentes, no âmbito da integração com o programa da Semil.
“[A onça-pintada] É uma espécie que chamamos de guarda-chuva porque, ao conservar o ambiente em que ela está, a gente conserva toda a cadeia de interações de animais abaixo. Quando conservo um ambiente, conservo para todo mundo.” explica a bióloga do ICMBio Beatriz Beisiegel, que pesquisa a espécie há décadas e também é autora da publicação.
De 2006 pra cá, foram catalogadas 51 onças. No entanto, também já foi constatada a morte de alguns dos indivíduos registrados por conta das diferentes formas de pressão sobre seu habitat, o que mostra a urgência desta publicação, assim como de outras ferramentas e estratégias de proteção a esses mamíferos.
“A espécie alia à sua beleza e significado cultural a importância como indicadora do estado de conservação dos ambientes em que ainda sobrevive. O Guia de Onças-Pintadas é uma iniciativa que certamente trará muitos benefícios a toda sociedade, aliando a pesquisa científica à tomada de consciência ambiental, contribuindo para o reconhecimento e apreciação da riqueza da biodiversidade, fornecendo informações vitais para a elaboração de políticas de conservação e o planejamento das Unidades de Conservação que abrigam esses indivíduos”, defende Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. “Essa publicação apresenta todas as qualidades para se tornar, em pouco tempo, uma ferramenta essencial para qualquer amante da natureza, estudante, pesquisador ou simplesmente a quem deseja se aprofundar na riqueza da biodiversidade paulista”, complementa Jônatas Trindade, subsecretário de Meio Ambiente.