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Grupo PSA busca inovação centrada no consumidor

Publicado em 18 abril 2018

Por Giovanna Riato

O Grupo PSA encara o desafio de se manter firme no cenário de alta volatilidade do setor automotivo, com produtos, modelos de negócio e clientes em transformação. Para conseguir acompanhar o ritmo, a empresa parte de um princípio relativamente novo para uma empresa industrial: “Nos centramos no consumidor para inovar. Desafios tecnológicos não faltam, mas não adianta a gente se perder nisso. Precisamos desenvolver o que gera valor para o consumidor. Esse é o ponto central”, diz Carla Gohin, vice-presidente de pesquisa e inovação da companhia.

Em visita ao Brasil, a executiva garantiu que o objetivo da empresa é oferecer portfólio amplo de produtos, com soluções capazes de atender as diversas necessidades dos clientes, mas reforçou que essa busca não pode se perder, ficar longe do objetivo certo, que é o consumidor. Ela cita o exemplo do carro a célula de combustível, sistema que diversas montadoras na Europa pesquisaram alguns anos atrás sem conseguir chegar a uma solução viável para o mercado. Carla diz que o assunto é tema de desenvolvimento no Grupo PSA. Agora, no entanto, o foco é, logo de cara, testar a solução com clientes reais e entender o interesse na tecnologia. “Não queremos fazer outra simples demonstração tecnológica. Precisamos saber se essa solução representa realmente uma oportunidade”, diz.

CARRO TOTALMENTE AUTÔNOMO SÓ DEPOIS DE 2025

Se há uma convicção tecnológica na companhia, é a necessidade de avançar com o desenvolvimento de carros autônomos, conforma aponta Carla. A empresa parece, no entanto, ter menos pressa que algumas concorrentes, que prometem fabricar automóveis sem volante ou pedais de freio e aceleração já no começo da próxima década. O Grupo PSA está lançando no mercado veículos equipados com o nível 2 da tecnologia. A partir de 2021, o plano é oferecer automóveis com nível 3 de automação. Depois, em 2024, a executiva projeta modelos de nível 4 para, enfim, chegar aos carros com automação plena, já perto de 2030.

Carla reconhece que os Estados Unidos, aparentemente, representam a região mais avançada no desenvolvimento de carros automatizados. “A Europa também está evoluindo rápido”, observa a vice-presidente. Para acompanhar o passo, ela diz que o Grupo PSA trabalha na construção de um ecossistema focado na tecnologia por meio de parcerias com startups, como a nuTonomy, de Singapura, com quem a montadora testa automóveis com nível 5 de automação; o trabalho com autoridades para contribuir com o desenho de novas leis focadas na tecnologia; além da cooperação com outras empresas do setor automotivo e de fora dele em iniciativas como a fundação do Instituto Prairie, que trabalha no desenvolvimento de inteligência artificial.

A executiva calcula que, entre as diversas iniciativas, a empresa já tenha rodado mais de mil quilômetros em testes com modelos de alta automação em vias públicas. O número é importante, mas mostra que o Grupo PSA fica bem atrás de empresas como a Waymo, controlada pela Alphabet, holding do Google, que aponta já ter percorrido 8 milhões de quilômetros em testes de seu sistema de condução autônomo desde 2009. Segundo Carla, por enquanto um carro precisa de investimento de aproximadamente R$ 200 mil em sensores, câmeras, radares e capacidade computacional para chegar ao nível 5 de automação. Com o tempo, espera, este preço vai cair e a tecnologia ficará mais acessível.

AS APOSTAS PARA O BRASIL

Carla reconhece que todo o esforço do Grupo PSA não vai garantir que a empresa tenha uma só solução para todos os mercados e públicos.

“Precisamos oferecer carros autônomos porque sem isso não conseguiremos competir em todas as regiões, mas não existe só uma resposta certa. Trabalhamos para desenvolver um portfólio que atenda às diferentes necessidades”, conta.

Ela estima que a procura por carros autônomos, por exemplo, será puxada pela Europa, pelos Estados Unidos e pela China. “No Brasil pode demorar mais”, admite. Por isso a empresa trabalha para desenvolver soluções mais adequadas ao mercado local, diz. Entre as iniciativas está o trabalho de pesquisa em biocombustíveis em parceria com a Fapesp e com a USP realizado desde 2014. A meta é refinar o uso e descobrir novas possibilidades para uma solução tipicamente nacional: o etanol.

Agora a nova promessa da companhia para agradar o consumidor local é trazer para o Brasil soluções da divisão de mobilidade Free2Move, que engloba serviços de leasing, compartilhamento de veículos e outros recursos para facilitar os deslocamentos. A executiva não detalha quando a novidade deve chegar ao Brasil, apenas destaca que será no “curto prazo”. A empresa já está em contato com parceiros locais para desenvolver as soluções mais adequadas ao cliente do país. “As pessoas aqui se interessam muito e adotam rápido soluções de transporte conectado e compartilhado. Por isso decidimos trazer Free2Move. Estamos construindo esta estratégia”, diz Carla.

Fonte: www.automotivebusiness.com.br

AB