Um grupo de pesquisadores brasileiros está tentando criar um combustível verde e seguro para usar em foguetes nacionais. Os primeiros testes, realizados com sucesso, utilizaram peróxido de hidrogênio - popularmente conhecido como água oxigenada - e etanol em um pequeno motor.
Grupo está testando propulsores de foguetes utilizando combustíveis líquidos.
Há 15 anos o Brasil tenta descobrir como colocar no ar foguetes movidos a combustíveis líquidos, em especial o álcool nacional. A ideia é substituir a hidrazina, combustível sólido corrosivo e tóxico usado atualmente.
"Os propelentes líquidos usados atualmente no Brasil estão restritos à aplicação no controle de altitude de satélites e à injeção orbital. Eles têm como base a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio, ambos importados, caros e tóxicos", afirma o engenheiro José Miraglia, professor da Faculdade de Tecnologia da Informação (FIAP) e líder do grupo particular que pesquisa combustíveis para foguetes.
Na primeira fase do projeto, o grupo testou motores e foguetes de propulsão líquida com impulso de 10 newtons (N) - força equivalente ao peso de um objeto de um quilo -, com o objetivo de avaliar propelentes líquidos pré-misturados à base de peróxido de hidrogênio combinado com etanol ou querosene. Os estudos foram feitos em parceria com uma empresa brasileira que fabrica artefatos de metal.
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"Os testes mostraram que o projeto é viável tecnicamente. Os propulsores movidos com uma mistura de peróxido de hidrogênio e etanol, ambos produzidos em larga escala no Brasil e a baixo custo, apresentaram o melhor rendimento", disse.
Na segunda fase do projeto, o grupo pretende construir dois motores para foguetes de maior porte, com 100 N e 1000 N. "Nossa intenção é construir um foguete suborbital de sondagem que atinja os 100 quilômetros de altitude e sirva para demonstrar a tecnologia", disse.
A empresa também está em negociações para uma eventual parceria com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) no projeto Sara (Satélite de Reentrada Atmosférica), cujo objetivo é enviar ao espaço um satélite para o desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas e especialidades, como biologia, biotecnologia, medicina, materiais, combustão e fármacos.
"Nosso motor seria utilizado na operação de reentrada para desacelerar a cápsula quando ela ingressar na atmosfera. Atualmente, não existe no Brasil foguete de sondagem a propelente líquido. Todos utilizam propelentes sólidos", disse.
Foguetes para pesquisas
O grupo também pretende produzir motores para foguetes de sondagem que tenham baixo custo. "Eles seriam importantes para as universidades, com aplicações em estudos em microgravidade e pesquisas atmosféricas, por exemplo", disse Miraglia.
Em trabalhos de biotecnologia em microgravidade, por exemplo, pesquisas com enzimas são fundamentais para elucidar processos ligados a reações, fenômenos de transporte de massa e calor e estabilidade das enzimas. Tais processos são muito utilizados nas indústrias de alimentos, farmacêutica e química fina, entre outras.
"Queremos atingir alguns nichos, ou seja, desenvolver um foguete movido a propelente líquido que se possa ajustar à altitude e ser reutilizável. Esse é outro ponto importante, porque normalmente um foguete, depois de lançado, é descartado", disse.
*Com informações da Agência Fapesp