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G1

Grupo com pesquisadores da região de Piracicaba reivindica prorrogação de prazo de bolsas devido a impacto da pandemia (22 notícias)

Publicado em 04 de abril de 2021

Universitários também pedem maior flexibilização no prazo de saída do país para internacionalização das pesquisas e relatam dificuldade para dialogar com a Fapesp.

Universitários da região de Piracicaba (SP) integram um coletivo de cerca de 500 pesquisadores que reivindicam que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) prorrogue por ao menos um ano o prazo das bolsas de estudos que oferece, devido aos impactos provocados pela pandemia de coronavírus. Os estudantes também pedem maior flexibilização no prazo de saída do país para internacionalização das pesquisas.

Em carta enviada à fundação, o grupo aponta que o desenvolvimento dos projetos científicos foi afetado por diferentes limitações impostas pela crise sanitária:

O coletivo reúne pesquisadores de diferentes regiões além de Piracicaba, como Campinas e São Paulo, estudantes de universidades como USP, Unicamp, Ufscar, Unesp, Unifesp e UFABC.

"Muitos bolsistas estão emocionalmente abalados com perdas de familiares, impossibilitados de acessarem os laboratórios e a agência tem se esquivado de um diálogo franco na tentativa de solucionarmos o problema", relata um pesquisador da região de Piracicaba que pediu para não ser identificado.

"Muitos bolsistas estão emocionalmente abalados com perdas de familiares, impossibilitados de acessarem os laboratórios e a agência tem se esquivado de um diálogo franco na tentativa de solucionarmos o problema", relata um pesquisador da região de Piracicaba que pediu para não ser identificado.

O grupo relata que a Fapesp oferece extensão de dois meses no período das bolsas, mas destaca que este período está desatualizado, tendo em vista que a crise já dura um ano.

"A estrutura organizacional da instituição, desenhada para um contexto pré-Covid, tem sido insuficiente para fornecer respostas ágeis, capazes de viabilizar o planejamento das atividades futuras das pesquisas", apontam os estudantes na carta.

Estágios internacionais

Os pesquisadores afirmam que a regra do retorno dos estágios internacionais oito ou quatro meses antes do fim da bolsa no país e a obrigatoriedade de se enviar os pedidos de renovação 30 dias antes do fim da bolsa também não são mais viáveis, devido às restrições provocadas pela pandemia.

"Muitas pesquisas estão drasticamente impactadas e necessitam de internacionalização para a sua execução e a Fapesp está sendo irredutível na flexibilização no prazo de saída no país. Muitas das quais estavam com seus estágios aprovados. Precisamos que a agência nos dê voz e tente juntamente conosco solucionar este problema", relata o bolsista.

Segundo ele, devido à situação, há pesquisadores que estão interrompendo suas bolsas para se enquadrarem nos prazos da atual regra, que considera obsoleta. "Muitos estão sem receber e trabalhando de graça para poderem internacionalizar suas pesquisas. Olha o absurdo ao qual chegamos", lamentou.

Plano recuperação

O grupo pede que a Fapesp elabore um plano "amplo e urgente" de recuperação das atividades perdidas, baseado no diálogo com os pesquisadores, destinado a todas as pesquisas afetadas e que não dependa da apresentação de solicitações individuais.

Citam, ainda, que para elaboração das reivindicações tomaram como base decisões adotadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que decretou prorrogação geral e irrestrita de até seis meses em suas bolsas, e a Universidade de São Paulo (USP), que concedeu mais doze meses para a entrega das dissertações e teses.

"A Fapesp está ignorando nossas comunicações há pelo menos 20 dias. O pior é que há Fapesp já tem conhecimento do problema há mais de um mês", afirma outro bolsista da região.

"A Fapesp está ignorando nossas comunicações há pelo menos 20 dias. O pior é que há Fapesp já tem conhecimento do problema há mais de um mês", afirma outro bolsista da região.

O que diz a Fapesp

Questionada sobre todas as reivindicações dos pesquisadores e a queixa sobre a falta de diálogo, a Fapesp informou ao G1 que não vai se manifestar sobre o caso.

Em resposta a ofício com questionamentos sobre o caso para a co-deputada estadual Mônica Seixas (PSol), no último dia 30 de março, a fundação afirmou que direcionou 45,5% de seu orçamento em 2020 para pagamentos de bolsas e afirma que o percentual mais elevado de toda sua história.

"Há solicitações de bolsistas, todas justificadas, de aumento da vigência da bolsa, de diminuição da vigência e de manutenção da vigência, com alterações de datas de início. Isto reflete diferentes necessidades ante as distintas realidades de cada instituição, no Brasil ou no exterior. O maior número de solicitações, tanto para bolsas no país, quanto no exterior, é o de diminuição da vigência, acompanhado de um significativo número de solicitações de adiamento do início da bolsa", afirma a instituição.

Segundo dados apresentados à parlamentar, houve 973 solicitações para aumento na vigência da bolsa em 2020 e 2021, enquanto os pedidos para diminuição da vigência ou manutenção dela, com adiamento ou antecipação do início, somam 3.793. Ainda conforme a Fapesp, 6,3% das solicitações foram atendidas.