SÃO PAULO — Ao contrário do que se acredita, a gravidez na adolescência não é mais arriscada do que entre as mulheres adultas. A médica Magda Loureiro Chinaglia chegou a esta conclusão depois de acompanhar 462 adolescentes grávidas, atendidas no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
As meninas estudadas por Magda tinham no máximo 16 anos, estavam na primeira gestação e tiveram acompanhamento médico pré-natal. A médica também estudou um outro grupo de 1.386 grávidas adultas, com idades entre 20 e 29 anos, igualmente na primeira gravidez e com assistência pré-natal.
A comparação dos dois grupos desfez o mito de que as adolescentes têm um útero "infantil" e não estão maduras para a maternidade. Os números mostram que a gravidez nesta fase, ao contrário, pode ser até mais saudável. No grupo das adolescentes, o Índice de ruptura precoce da bolsa foi de 4,9%. Já entre as adultas, a incidência foi maior, de 10,9%.
As mães meninas também têm menos risco de gerar crianças pouco desenvolvidas, os chamados bebês PIG (pequenos para a idade gestacional). Isso aconteceu com 4.9% das adolescentes e 7.4% das mães adultas. "Do ponto de vista obstétrico, o fato de ser adolescente não indica que a grávida terá complicações. Elas são tão aptas para a maternidade quanto as mulheres adultas", conclui Magda.
A médica adverte que o perigo da gravidez na adolescência é outro. "Muitas delas não fazem os exames pré-natais, outras fumam, bebem ou se alimentam mal. É isto que concorre para uma gestação mais perigosa", afirma Magda. Ela também avisa que está crescendo o contingente de adolescentes muito jovens que ficam grávidas. "Na Unicamp, o aumento de casos de gravidez entre meninas com menos de 15 anos cresceu 12% nos últimos anos", afirma ela.
Notícia
Jornal do Brasil