O biólogo Guilherme Mazzochini e seus colaboradores fizeram um estudo para identificar os desafios da restauração de áreas do Cerrado. O grupo de pesquisa da Unicamp descobriu que gramíneas exóticas invadem áreas restauradas. Sendo assim, o resultado da pesquisa também indica um caminho para aumentar o sucesso da restauração de espécies nativas do Cerrado.
O trabalho do grupo mostra que a diversidade de espécies é muito importante para a restauração do Cerrado. Realizado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, o estudo pioneiro destaca a origem das espécies exóticas. Geralmente, as gramíneas exóticas são introduzidas em áreas de pastagem.
Mas a espécie se alastra fácil e rapidamente, assim, elas são responsáveis pela perda de espécies nativas do Cerrado. Além disso, os pesquisadores apontam a descaracterização do estrato herbáceo, uma parte importante do Cerrado responsável pela maior reserva de biodiversidade e serviços ecossistêmicos do bioma.
Invasão As gramíneas exóticas são uma espécie difícil de erradicar. Dentre as mais comuns e mais difíceis de eliminar estão braquiárias, capim-gordura e capim-gambá. O resultado da pesquisa, no entanto, aponta que quanto maior a diversidade de espécies na mesma área, maior a chance de resistência à invasão biológica das gramíneas, explicou um dos colaboradores Rafael Oliveira.
“Quanto mais biodiversidade maior a chance de vitória contra as espécies exóticas. Os resultados também sugerem a importância de revisar as práticas de manejo e restauração que usam espécies anuais ou bianuais de rápido crescimento. Contrariamente ao que se acreditava, tais espécies podem facilitar o estabelecimento das invasoras no decorrer dos anos”.
Segundo os pesquisadores, a diversidade de espécies nativas cobriria o solo e impediria o avanço das espécies exóticas. Desta forma, então, eles apontam que o estudo traz novas estratégias para a restauração do Cerrado, a partir do entendimento de que o esforço com poucas espécies nativas será perdido com o tempo pela invasão das espécies exóticas.
*Com informações da Agência Fapesp