Boa parte da principal fonte de recursos para gerar patentes, produtos e processos de qualidade no Brasil, baseados em pesquisa e desenvolvimento, está trancada nos cofres públicos e só será liberada no último ano da administração Luiz Inácio Lula da Silva, se reeleito. "A expectativa é zerar o contingenciamento em
O plano do governo federal é reduzir a proporção de recursos retidos, mas de forma gradual. Pelos cálculos do ministro, em 2007 serão contingenciados 30% dos recursos, 9 pontos percentuais a menos do que em 2006, que deve fechar com uma arrecadação de R$ 1,8 bilhão.
Desde 2003, pelo menos um terço desses recursos, dos fundos setoriais, instrumento de fomento de ciência e tecnologia, é retido sistematicamente para gerar superávit primário.
Para especialistas e cientistas, a ação é ilegal. Uma lei complementar à Lei de Responsabilidade Fiscal indica que recursos de fundos sejam usados apenas para o fim que justificou seu recolhimento. "Estes recursos não podem formar a reserva de contingência. Uma lei ordinária permite o seu uso para pagamento da dívida interna. Mas a lei complementar tem prioridade sobre a ordinária", afirma o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o físico Ennio Candotti.
Ele pede o uso dos recursos "para o devido fim". Não faltam projetos. "Amazônia, mar, espaço, energia, fármacos". Segundo ele, é preciso analisar se a formação de recursos humanos qualificados "é mais ou é menos importante que o saldo positivo do superávit primário".
Quando Lula assumiu a presidência, ele declarou que os gastos com ciência e tecnologia seriam vistos como investimento "para um Brasil melhor".
O País é o 27 nação que mais depositou patentes internacionais em 2005 — indicador de produção de conhecimento e tecnológica — e é o 25 exportador. Está atrás de China e Coréia do Sul, ambos acima do Brasil também no ranking das patentes: 2.452 e 4 747, respectivamente.
Os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia seriam usados para modificar este quadro e colocar o Brasil como fonte de produtos com valor agregado, e não um mero reprodutor ou consumidor. Os recursos vêm de contribuições de empresas que exploram recursos naturais da União ou que atuam em setores específicos, como petróleo, biotecnologia e infra-estrutura. (Da Agência Estado)
Ministro reconhece que investimento foi insuficiente
Rezende também reconhece que não foi possível atingir a meta de investimento total em ciência e tecnologia em
"Os orçamentos foram crescentes nos últimos dez anos e houve continuidade aos programas que há décadas defendemos", argumentou.