O governo federal anunciou, nesta quarta-feira (18), uma série de medidas que serão adotadas, em conjunto com estados e municípios, no combate e prevenção à dengue.
Neste ano, o Brasil enfrentou uma epidemia da doença entre abril e julho, e bateu recordes de mortes causadas pela doença: já são mais de cinco mil vítimas. O foco desta campanha é o verão, época em que os casos da doença tendem a aumentar.
“Todo verão somos intimidados pelo crescimento da dengue e de outras doenças. Desta vez, com a questão climática envolvida e o planeta mais quente, resolvemos antecipar o lançamento da nossa campanha [de combate à dengue] para que a gente tenha tempo”, justificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante o lançamento das medidas nesta quarta-feira (18).
“A gente quer ter o verão com menos casos de dengue da história”, disse o mandatário. Ao lado da ministra da saúde, Nísia Trindade, o governo federal anunciou o investimento de R$ 1,5 bilhão em ações contra a doença e outras arboviroses. Entre as propostas divulgadas, está a ampliação do uso de tecnologias para diminuir a reprodução dos mosquitos Aedes aegypti contaminados.
Um dos eixos de ação é o controle vetorial, que prevê a liberação de mosquitos infectados com Wolbachia, que impedem o desenvolvimento do vírus da dengue no vetor, além de ampliar o uso de insetos estéreos em aldeias indígenas. A Saúde ainda anunciou a utilização de testes rápidos para identificar a doença também estão incluídos no pacote de investimento do governo.
O Ministério da Saúde explicou que houve um mapeamento de regiões que deveriam ter mais atenção das autoridades de saúde nos próximos meses: “a região Sul, porque grande parte da população não teve contato histórico com o vírus, isso torna as pessoas mais passíveis de ter uma doença. E também a região Sudeste, por conta da circulação do vírus do sorotipo 3”, explicou Nísia Trindade.
Vacina contra a dengue
Em agosto, Nísia Trindade informou que a vacinação não deve ser o foco no combate à dengue para 2025. Mas informou, durante o anúncio desta quarta, que o governo federal realizou a compra de nove milhões de doses da vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda, para ser aplicado no próximo ano.
“Nesse momento, mais importante que ampliar a faixa etária é nós ampliarmos [a disponibilização de vacinas] para mais municípios. Essa é a minha visão. Se tivéssemos possibilidade de aplicar a vacinação na população idosa, seria diferente, como essa possibilidade não existe, estamos trabalhando com a faixa etária que é recomendada pela Organização Mundial da Saúde”, afirmou o ministro.
Nos últimos meses, a curta faixa de idade que o imunizante está disponível gerou críticas ao governo. Nísia afirmou que uma revisão sobre os grupos que recebem a vacina deve ser revista, mas isso não é uma prioridade. A vacina não foi autorizada para idosos e tem sido aplicada em crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos na rede pública de saúde.
Trindade afirmou ainda que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) “segue avançando” nas tratativas com o laboratório Takeda para produção do imunizante. A expectativa é de que a Fiocruz entregue em outubro o pedido de registro da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A ministra também anunciou que o Instituto Butantan, caso consiga aprovação do imunizante que está em desenvolvimento, planeja entregar 1 milhão de doses da vacina contra a dengue. Neste ano, o Ministério da Saúde conseguiu fazer a aquisição de 6,5 milhões de vacinas da doença. Quantidade que possibilitou a imunização de 3,25 milhões de pessoas.
Em 2024, o Brasil se tornou o país com mais casos de dengue do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em maior parte, os casos suspeitos no país correspondiam a 82% de todos os casos do mundo. O número de mortes devido à doença, somente neste ano, superou todo o registrado entre 2017 e 2023.